Daniel Silveira reiterou ataques ao STF em conversa com Weintraub
Do UOL, em São Paulo
17/02/2021 14h12Atualizada em 17/02/2021 16h31
O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), preso na noite de ontem após publicar um vídeo em que ataca ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), reiterou as ofensas em uma troca de mensagens com o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub.
Nas redes sociais, Weintraub compartilhou uma conversa que teve com o deputado ontem após a publicação do vídeo que levou à ordem de prisão, assinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
"Meu irmão, que porrada seu vídeo no YouTube", escreveu o ex-ministro ao deputado. "Meu amigo, falei de você também. Ninguém aguenta estes merdas", respondeu Silveira, referindo-se aos ministros do Supremo.
Na publicação, o ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (sem partido) disse que "não printa nem divulga conversa privada", mas como o celular do deputado foi apreendido, resolveu divulgar a troca de mensagens antes que o conteúdo fosse vazado.
"Não printo e divulgo conversa privada. Porém, como o celular do Daniel Silveira foi novamente apreendido, antes que isso possa vazar, segue tudo que falamos pouco antes de sua prisão. Assim, espero evitar mais mentiras de blogueiros vagabundos", afirmou Weintraub.
A prisão do deputado será analisada hoje pelo plenário do STF. Os ministros da Corte vão decidir se mantêm ou derrubam a decisão de Alexandre de Moraes.
'Ministros não servem para p... nenhuma', diz deputado
A gravação publicada pelo parlamentar foi feita após o ministro Edson Fachin classificar como "intolerável e inaceitável" qualquer forma de pressão sobre o Judiciário.
A manifestação do ministro foi feita após revelação que um tuíte de Villas Bôas, feito em 2018 e interpretado como pressão para que o STF não favorecesse o ex-presidente Lula, teria sido planejado com o Alto Comando do Exército.
No vídeo, Silveira afirmou que os 11 ministros do Supremo "não servem para p... nenhuma para esse país", "não têm caráter, nem escrúpulo, nem moral" e deveriam ser destituídos para a nomeação de "11 novos ministros". A única exceção é o ministro Luiz Fux, a quem o deputado diz respeitar.
"Vá lá, prende Villas Bôas. Seja homem uma vez na tua vida, vai lá e prende Villas Bôas. Seja homem uma vez na tua vida, vai lá e prende Villas Bôas. Fala pro Alexandre de Moraes, o homenzão, o f..., vai lá e manda ele prender o Villas Bôas. Vai lá e prende um general do Exército", disse o deputado.
Eu quero ver, Fachin. Você, Alexandre de Moraes, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, o que solta os bandidos o tempo todo. Toda hora dá um habeas corpus, vende um habeas corpus, vende sentenças
Deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), em vídeo divulgado nas redes sociais
"Fachin, um conselho para você. Vai lá e prende o Villas Bôas, rapidão, só para a gente ver um negocinho, se tu não tem coragem. Porque tu não tem colhão para isso, principalmente o Barroso, que não tem mesmo. Na verdade ele gosta do colhão roxo", continuou o deputado.
"Gilmar Mendes? Barroso, o que é que ele gosta. Colhão roxo. Mas não tem colhão roxo. Fachin, covarde. Gilmar Mendes? É isso que tu gosta né, Gilmarzão? A gente sabe", acusou, fazendo um gesto que simula dinheiro.
Defesa diz que prisão tem 'teor político'
A defesa do deputado afirmou que a prisão do parlamentar tem "evidente teor político" e que os fatos que embasaram a medida "sequer configuram crime".
"A prisão do deputado representa não apenas um violento ataque à sua imunidade material, mas também ao próprio exercício do direito à liberdade de expressão e aos princípios basilares que regem o processo penal brasileiro", diz a nota da defesa, assinada pela advogada Thainara Prado, e divulgada nas redes sociais.