População sente saudade da ditadura, diz Clube Militar após caso Silveira
Após a Câmara confirmar a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), detido por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), o Clube Militar publicou uma nota com "reflexões" sobre o caso. No documento questionaram a prisão e disseram que "grande parcela da população" tem saudades do período da ditadura militar (1964-1985).
"Por que os ilustres Ministros do STF pensam que apoiar o Regime Militar que foi instaurado a partir de 1964 é crime quando uma grande parcela da população tem saudades daquela época? A Democracia que temos hoje no Brasil começou em 1964....", questionou nota publicada no site do clube. (veja a íntegra abaixo).
O documento é assinado pelo presidente da instituição, Eduardo José Barbosa, general da reserva.
De acordo com pesquisa Datafolha de junho do ano passado, para 78% da população o regime militar foi uma ditadura. Já o apoio à democracia atingiu 75% dos entrevistados em levantamento do instituto.
No início do texto, o Clube Militar informa que fará reflexões e não entrará no mérito das palavras ditas por Daniel Silveira.
O documento questiona "por que outros pronunciamentos semelhantes de políticos e jornalistas de centro esquerda não são tratados como crime inafiançável" e considera que o ministro do Supremo Marco Aurélio Mello "ameaçou deputados".
"Por que o Ministro Marco Aurélio ameaçou os Deputados, dizendo que em caso de relaxamento da prisão do Deputado Daniel Silveira eles prestariam contas com o povo, nas urnas, em 2022? Quem informou ao ilustre ministro que a população apoia as arbitrariedades do STF?", questionou o documento.
A prisão de Daniel Silveira foi decretada pelo ministro Alexandre Moraes, do STF após vídeo postado nas redes sociais com ataques e ofensas à corte e aos ministro. Moraes justificou o ato em flagrante pelo fato de a conduta ter sido gravada e disponibilizada na internet.
Na nota do clube há questionamento sobre a perícia de Adelio. O presidente Jair Bolsonaro, durante a campanha de 2018, foi atacado com faca por Adelio Bispo de Oliveira. No ano passado, o presidente e o MPF (Ministério Público Federal) não recorreram do processo que considerou o esfaqueador ininputável e este procedimento se encerrou.
A manifestação do Clube Militar foi rebatida por políticos da esquerda nas redes sociais. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que as "vivas da ditadura se arvoram contra o STF apoiando deputado bolsonarista que fez apologia à ditadura" e pede que o clube fique na reserva, fora da vida pública.
O deputado Ivan Valente (Psol-SP), disse que a nota é vergonhosa. "Alguns militares pensam que ainda vivem em 1964. Têm horror à democracia. A defesa que o Clube faz do fascista Daniel Silveira e do governo miliciano de Bolsonaro atesta não só a mentalidade retrógrada, mas a persistência da vocação golpista", escreveu no Twitter.
Ditadura no Brasil
Segundo estudo da Comissão Nacional da Verdade, em relatório concluído em 2014, foram identificados 434 mortos ou desaparecidos durante o período ditatorial. Desse total, 191 mortos foram identificados, 210 foram considerados desaparecidos e 33, desaparecidos cujos corpos tiveram seu paradeiro posteriormente localizado.
As análises da comissão consideraram casos de militantes de esquerda e oficiais do Estado, durante a ditadura.
Clube Militar
O clube militar foi fundado em 26 de junho de 1887 e é voltado para militares das Forças Armadas, da ativa e reserva, e seus familiares.
Apesar das manifestações sobre o caso Daniel Silveira, o estatuto do clube define o que o sócio tem como dever: "abster-se de promover, no Clube, qualquer manifestação com caráter de proselitismo políticopartidário, religioso ou discriminatório de qualquer natureza".
Já o regimento considera que o clube "manter-se-á estranho a matéria de religião, política partidária ou discriminação de qualquer natureza, sendo vedada a cessão de suas dependências para reuniões que objetivem tratar de tais assuntos".
Veja íntegra da nota do Clube Militar
Sem entrar no mérito das palavras dirigidas aos integrantes do STF, pelo Deputado Daniel Silveira, colocamos aqui algumas reflexões:
1. Por que outros pronunciamentos semelhantes, porém ditos por políticos e jornalistas de centro esquerda não são tratados como crime?
2. Por que ameaças abertas contra a vida do Presidente da República não são também tratadas como crime inafiançável?
3. Por que a liberdade de expressão só se aplica a esses mesmos indivíduos de centro esquerda?
4. Por que esses supostos crimes praticados pelos apoiadores do Presidente recebem alta prioridade nas investigações, enquanto crimes cometidos por aliados ideológicos ou denúncias contra os próprios Ministros do STF ficam sem investigação ou aguardando a prescrição?
5. Por que o Ministro Marco Aurélio ameaçou os Deputados, dizendo que em caso de relaxamento da prisão do Deputado Daniel Silveira eles prestariam contas com o povo, nas urnas, em 2022? Quem informou ao ilustre ministro que a população apoia as arbitrariedades do STF?
6. Por que os ilustres Ministros do STF pensam que apoiar o Regime Militar que foi instaurado a partir de 1964 é crime quando uma grande parcela da população tem saudades daquela época? A Democracia que temos hoje no Brasil começou em 1964....
7. Por que os amparados pelo Poder Judiciário continuam sendo os criminosos já condenados? Esses, em sua grande maioria, enquanto puderem sustentar os melhores advogados, jamais cumprirão suas penas, podendo, inclusive, realizar passeios fora do Brasil, enquanto os que usam suas línguas para falar não podem nem sair de casa (os de direita, é claro).
8. Por que os equipamentos do Adelio e de seus aliados não são periciados?
9. Finalmente, para não citar outras dezenas de exemplos, o crime propalado pelo STF e seus aliados de esquerda é referente a ameaças verbais, ou, na realidade, é por ser o acusado apoiador daquele que foi eleito pelo povo para governar o Brasil?
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