"Ditadura de toga", dizem deputados que votaram contra prisão de Silveira
O Brasil vive uma "ditadura de toga" e os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) são "deuses de capa preta". É assim que reagiram alguns parlamentares que foram voto vencido na decisão de ontem (19) da Câmara dos Deputados que confirmou a prisão de Daniel Silveira (PSL-RJ) decretada na última terça-feira (16) pelo ministro Alexandre de Moraes e confirmada no dia seguinte pelo plenário da Corte.
Por 364 votos a favor, 130 contra e 3 abstenções, a Casa ratificou a decisão do magistrado, segundo quem Silveira foi surpreendido em "flagrante delito" por usar um vídeo nas redes sociais para ameaçar ministros do STF e o Estado Democrático de Direito.
Um dos mais exaltados no Twitter foi o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). "Um dia triste", escreveu: "Vergonha!!! A Câmara dos Deputados legitimou hoje um abuso vergonhoso e abriu um precedente perigosíssimo para as decisões do STF".
A DITADURA DA TOGA está OFICIALIZADA no Brasil!
Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ)
Paula Belmonte (Cidadania-DF) não comentou após a votação, mas no dia 17 disse que "a democracia brasileira é a ditadura dos Deuses de capa preta".
Kim Kataguiri (DEM-SP) votou contra a prisão de Silveira porque "foi ilegal pela maneira como foi feita", mas ironizou a decisão da Casa ao afirmar que Silveira continuará preso "com apoio dos partidos que serviram de base para [Arthur] Lira [MDB], o candidato de [Jair] Bolsonaro" (sem partido) que recentemente venceu a disputa pela presidência da Câmara.
"Felizes com a escolha do mito, gado bolsonarista? Vocês sabem que STF e centrão não vão parar apenas com o Daniel, né?", disse. "A ironia é o sujeito pedir AI-5 e depois chorar por direitos e garantias fundamentais", afirmou em referência ao decreto que intensificou a repressão durante a ditadura.
Como todos os deputados do Novo, Alexis Fonteyne (SP) votou pela soltura de Silveira. Um dia antes, escreveu que o caso "tem um pano de fundo muito maior".
"É uma disputa de Poderes envolvendo vaidades que pode ter consequências perigosas. Pode o STF, ofendido, subir na mesa e mandar prender um membro do Legislativo?", questionou.
O correligionário Lucas Gonzalez (MG) considerou "vergonhosa a decisão da maioria da Câmara dos Deputados".
Já Marcel van Hattem (Novo-RS) afirmou não ser "possível que execráveis falas em louvor ao AI-5 sejam respondidas com atos provenientes do Judiciário também dignos de um AI-5, posto que arbitrários e inconstitucionais".
Pouco antes da votação, o deputado Dr. Jaziel (PL-CE) disse que "todos os dias são criticados pastores, padres, deputados, senadores e o presidente da República."
Mas, pelo visto NINGUÉM pode criticar o STF. Vergonha!
Deputado Dr. Jaziel (PL-CE)
Para a deputada policial Katia Sastre (PL-SP), "a prisão abre um precedente perigoso para nossa democracia".
"A Casa manteve uma PRISÃO CLARAMENTE ILEGAL, tanto pela falta de flagrância como pela errônea interpretação sobre a possibilidade de fiança. Uma lástima", disse. "Não compete ao STF reescrever a Constituição ou impor censuras."
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