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'Existe algo a perder mais importante que a própria vida', diz Bolsonaro

"Ninguém vence uma maratona se não tiver preparado", afirmou o presidente - Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo
"Ninguém vence uma maratona se não tiver preparado", afirmou o presidente Imagem: Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

09/03/2021 12h20

Um dia depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) restaurar os direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que "existe algo a perder mais importante que a própria vida: a liberdade". Ele fez uma publicação em redes sociais hoje junto com um vídeo em que menciona casos de corrupção de governos anteriores —embora existam suspeitas de crimes de colarinho branco em seu governo.

"Ninguém vence uma maratona se não tiver preparado", disse Bolsonaro na rede social. "Aos que teimam em desunir lembre-se que existe algo a perder mais importante que a própria vida."

O vídeo divulgado aparenta ser antigo. Nele, Bolsonaro mencionou: "Pode ser que haja corrupção no meu governo. Se aparecer, boto no pau de arara o ministro".

Mas, por exemplo, Bolsonaro manteve, até o ano passado, seu então ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, mesmo depois de ser denunciado por apropriação indébita eleitoral, assim como o secretário Especial de Comunicação Social do Ministério das Comunicações, Fábio Wajngarten, que responde a inquérito da Polícia Federal por corrupção.

Com a liberação de Lula para concorrer nas eleições presidenciais, Bolsonaro teria um adversário forte em 2022. Em 2018, ele concorreu sem o petista, que estava barrado pela Lei da Ficha Limpa.

Outros possíveis candidatos são o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), o apresentador de TV Luciano Huck, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que condenou Lula em 2017 e cuja sentença foi anulada agora.

Decisão de Fachin preserva provas

Lula foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia. Ele ainda era processado no caso do terreno do Instituto Lula e das doações à entidade criada por ele.

Mas, ontem, o ministro do STF Edson Fachin decidiu que a vara federal de Curitiba, antes comandada pelo então juiz Sergio Moro, não tinha competência para julgar casos. Ele determinou que o processo fosse reiniciado em varas federais de Brasília.

Com isso, Lula deixou de ser considerado ficha-suja e pode ser candidato nas eleições de 2022. A iniciativa de Fachin tem sido interpretada como uma tentativa de salvar o que restou da Operação Lava Jato, pela qual Moro enfrenta processos por suspeição.

No processo da troca de vara as decisões do juiz são anuladas, mas não as provas. Se o juiz é considerado suspeito, tudo pode ser anulado, afirmou um promotor ao UOL, sob anonimato.