'Seja abençoado', diz padre Julio Lancellotti após insinuações de Bolsonaro
Depois de ser alvo de insinuações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ontem, o padre Julio Lancellotti respondeu as alegações do político em posicionamento enviado ao UOL. Em vídeo, Bolsonaro relembrou caso de extorsão envolvendo o religioso, em 2004. De acordo com Lancellotti, as alegações de Bolsonaro são todas sobre um caso transitado em julgado. Ele também informou que a denúncia foi feita por ele mesmo e os envolvidos foram condenados.
"Todas as pessoas são necessitadas das bênçãos de Deus. A ninguém deve ser negado este gesto de fé e de carinho pastoral. Os ministros religiosos são instrumentos a benção é de Deus", afirmou Julio Lancellotti.
"O Sr. Exmo. Presidente seja abençoado também e seja sinal de vida e esperança para o nosso povo, principalmente neste momento de tanta dor e sofrimento."
Ontem, ao comentar uma foto publicada pelo ex-presidente Lula nas redes sociais ao lado do líder religioso, Bolsonaro afirmou:
"Publicaram uma foto do Lula com o padre Lancellotti, de São Paulo. Eu não vou falar tudo aqui, não. Mas o Lancellotti deu uma Pajero para alguém um tempo atrás... Não vou falar tudo porque tem gente gravando. Ninguém vai dar uma Pajero assim, né? Então esse padre é daquele padrão: é o 'Padre Pajero', né? Então, os caras botam o padre com o Lula e acham que o padre é aquele padre sério, responsável."
Em 2004, o padre Julio Lancellotti disse ter sido extorquido por ex-interno da antiga Febem Anderson Marcos Batista, na época com 25 anos, conforme reportagem do jornal "Folha de S.Paulo".
Segundo o padre, o ex-interno ameaçava procurar a imprensa para denunciá-lo por pedofilia —o alvo do abuso seria o enteado de Batista, de oito anos. O padre também disse ter recebido ameaças de agressão. Foi Lancellotti quem gravou conversas nas quais era chantageado e as entregou à polícia. Na época, o religioso afirmou que pagou por medo de ser agredido e por acreditar que "poderia mudar as pessoas que o extorquiam".
As investigações constataram que Batista e sua mulher compraram pelo menos cinco carros de luxo com dinheiro extorquido, dentre eles, uma Pajero (R$ 65 mil, valor na época), citada por Bolsonaro no vídeo. O veículo foi financiado em nome do padre.
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