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Senadores dizem que fala de Bolsonaro é reação à CPI: 'atraso fatal'

2.jun.2021 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), durante pronunciamento em rede nacional de rádio e TV - Anderson Riedel/PR
2.jun.2021 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), durante pronunciamento em rede nacional de rádio e TV Imagem: Anderson Riedel/PR

Do UOL, em São Paulo

02/06/2021 21h08

Membros da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid divulgaram uma nota rebatendo o pronunciamento feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na noite de hoje.

Para eles, o pronunciamento de Bolsonaro é uma reação à atuação da CPI e sua fala sobre as vacinas vem com um "atraso fatal e doloroso". "A reação é consequência do trabalho desta CPI e da pressão da sociedade brasileira que ocupou as ruas contra o obscurantismo. Embora sinalize com recuo no negacionismo, esse reposicionamento vem tarde demais", escreveram.

Os senadores defendem que o tom de hoje pelo presidente deveria ter sido adotado há um ano: "O Brasil esperava esse tom em 24 de março de 2020, quando inaugurou-se o negacionismo minimizando a doença, qualificando-a de 'gripezinha'".

A nota foi assinada pelos senadores Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente, Renan Calheiros (MDB-AL), relator, além dos membros efetivos Tasso Jereissati (PSDB-CE), Humberto Costa (PT-PE), Eduardo Braga (MDB-AM) e dos suplentes Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Rogério Carvalho (PT-SE).

Os membros da CPI questionaram ainda a atuação do presidente ao longo da pandemia, relembrando que ele desqualificou vacinas, estimulou aglomerações e prescreveu medicamentos ineficazes para a covid-19.

A atuação do governo federal desde o início da crise sanitária foi marcada pela negação do isolamento social. Bolsonaro convocou e participou de manifestações diversas vezes, é visto frequentemente sem máscaras de proteção e chegou a dizer que não compraria a CoronaVac por ser uma vacina chinesa.

Além disso, o governo Bolsonaro insiste ainda hoje na defesa da cloroquina, remédio ineficaz no tratamento da covid-19.

"Um atraso de 432 dias e a morte de quase 470 mil brasileiros, desumano e indefensável. A fala deveria ser materializada na aceitação das vacinas do Butantan e da Pfizer no meio do ano passado, quando o governo deixou de comprar 130 milhões de doses, suficientes para metade da população brasileira."

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.