Oposição vê cortina de fumaça e "imunidade de rebanho" em fala de Bolsonaro
Parlamentares de oposição viram como cortina de fumaça e nova defesa da "imunidade de rebanho" a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre um parecer para desobrigar o uso de máscara por parte dos que foram vacinados ou contraíram a covid-19 e se recuperaram.
"Acabei de conversar com um tal de Queiroga, não sei se vocês sabem quem é, e ele vai ultimar um parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que foram vacinados ou que já foram contaminados", disse Bolsonaro hoje em evento em Brasília.
Já o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse em seguida ser preciso que a vacinação avance para que o plano seja colocado em prática. Ele não deixou claro em que pé está o parecer.
A desobrigação de uso de máscara defendida por Bolsonaro contraria recomendações de autoridades sanitárias, especialmente no caso do Brasil, em que apenas 11,06% das pessoas receberam as duas doses de vacina contra a covid-19.
Israel e, mais recentemente, os Estados Unidos são alguns dos países em que vacinados não são obrigados a usar máscara. A diferença é que, nestes lugares, a campanha de imunização contra a covid-19 está muito mais avançada: no primeiro, segundo balanço do Our World in Data, 59,4% da população já recebeu as duas doses da vacina; no segundo, 42,15%.
"Irresponsável"
O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), disse que a fala do presidente é "irresponsável" e que Bolsonaro "ignora a doença".
"Antes de tudo é uma fala muito irresponsável do ponto de vista que o Brasil caminha para uma terceira onda.
O ministro [Queiroga] na oitiva defendeu a máscara, o isolamento físico e disse que ia estimular o presidente que usasse a máscara e não fizesse mais aglomerações", disse.
Membro da comissão parlamentar de inquérito, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que a declaração do presidente é uma "perversidade atroz" e deixa clara a estratégia de se estimular a imunidade de rebanho.
"Reforça ainda mais essa questão de que ele quer que as pessoas sejam contaminadas para, com isso, acabar com a pandemia. Essa é a ideia dele. Isso é de uma perversidade atroz. Quantas vidas a gente já não perdeu? Quantas mais vamos perder? A vacinação está muito lenta", disse.
Aziz também disse não "duvidar" de que o presidente queira ainda, apesar da crítica de cientistas, perseguir a imunidade de rebanho. "O presidente e aqueles do "gabinete paralelo" [de aconselhamento de Bolsonaro], que continua funcionando, certamente não conseguiram a imunidade de rebanho, talvez queiram fazer agora, não duvido", disse.
"Contaminar todos e matar muitos"
O vice-presidente da CPI e líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que Bolsonaro é um "forte candidato a ser indiciado".
"Isso só aponta para a estratégia deliberada do presidente de contaminar todos e matar muitos", afirmou.
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