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Demora de recursos, desamparo e calvário: confira frases de Witzel na CPI

CPI da Covid realiza oitiva do ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel - Jefferson Rudy/Agência Senado
CPI da Covid realiza oitiva do ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

16/06/2021 12h05Atualizada em 16/06/2021 14h35

O ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel presta depoimento hoje à CPI da Covid. O colegiado do Senado tem como objetivo saber quais foram as ações e omissões do governo federal diante da crise sanitária gerada pela pandemia do coronavírus e como os gestores estaduais utilizaram os recursos da União para combater a doença.

Durante a sessão, Witzel declarou que se considera um "perseguido" político e, sem provas, vinculou o impeachment aprovado em 30 de abril de 2021 às investigações do caso Marielle.

O ex-chefe do Executivo fluminense também aproveitou para se defender das acusações pelas quais teve o mandato cassado e trocou farpas com o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu ex-aliado.

Witzel também afirmou que, de acordo com o seu entendimento, o governo federal deixou governadores e prefeitos "desamparados" durante a pandemia da covid-19. Segundo ele, houve atraso na destinação de recursos do Ministério da Saúde, que teriam chegado "em cima do laço".

Confira frases ditas por Witzel em depoimento à CPI:

Caso Marielle

Tudo isso começou porque eu mandei investigar sem parcialidade o caso Marielle. Quando foram presos os dois executores da Marielle, o meu calvário e a perseguição conta mim (foram) inexoráveis

(...)

Ver o presidente da República ir, numa live, lá em Dubai, acordar na madrugada, pra me atacar, pra dizer que eu estava manipulando a polícia do meu estado. Ou seja, quantos crimes de responsabilidade esse homem vai ter que cometer até que alguém pare ele?

(...)

A partir [das investigações] do caso Marielle é que eu percebi que o governo federal começou a me retaliar. Após esse evento, não fui mais recebido no Planalto, tinha dificuldade de falar com os ministros. Encontrei Paulo Guedes no avião e ele virou a cara e saiu correndo 'não posso falar com você'. Fiquei em situação de vulnerabilidade por uma perseguição política

Postura do governo federal

A minha situação como governador do estado do Rio de Janeiro era crítica, e nós não conseguíamos diálogo com o presidente. O presidente não dialoga comigo. Como é que você tem um país em que o Presidente da República não dialoga com um governador de estado? E o presidente deixou os governadores à mercê da desgraça que viria. O único responsável pelos 450 mil mortos que estão aí tem nome, endereço e tem que ser responsabilizado, aqui, no Tribunal Penal Internacional, pelos fatos que praticou

(...)

Os governadores, prefeitos de grandes capitais e de pequenas cidades, ficaram totalmente desamparados do apoio do governo federal. É uma realidade inequívoca que está documentada em várias cartas que nós encaminhamos ao presidente

(...)

Demorou o auxílio, os recursos que foram encaminhados para completar o orçamento dos estados também demorou e nós tínhamos até imaginado a possibilidade de redução de salário dos servidores para poder fazer frente ao controle da pandemia. Os recursos vieram, em cima do laço, e conseguimos dar continuidade, mas até lá tivemos dificuldade de poder fazer esse trabalho

(...)

"É fato notório que todos os governadores, através do Fórum, estávamos clamando por uma organização central no combate à pandemia. Havia uma narrativa estruturada de que os governadores iriam exterminar empregos e iriam aproveitar a pandemia para roubar. Essa narrativa foi avançando e nós vimos o que aconteceu. Sem apoio do governo federal, se desestruturou o combate à pandemia

Flávio Bolsonaro

Quero dizer que não tenho nenhum problema em estar na presença [de Flávio Bolsonaro]. O conheço desde garoto, conheço sua família, sua mãe, seu pai de longa data, minha questão aqui não é pessoal e em defesa da democracia

(...)

Se o senhor (Flávio Bolsonaro) fosse um pouquinho mais educado e menos mimado, o senhor teria respeito pelo que eu estou falando

Lula

Quanto tempo demorou para dizer que o (ex) presidente Lula estava certo, que ele estava sendo julgado por um juiz parcial? Demorou, né? Uma hora nós vamos chegar lá

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.