Topo

Esse conteúdo é antigo

'Menosprezei capacidade de fazer o mal do Bolsonaro', diz Eduardo Leite

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, declarou voto em Bolsonaro em 2018 - Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, declarou voto em Bolsonaro em 2018 Imagem: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

Do UOL, em São Paulo

14/07/2021 10h31Atualizada em 14/07/2021 10h55

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que subestimou a capacidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de "fazer o mal" quando declarou voto nele em 2018, quando o atual ocupante do Palácio do Planalto disputava o segundo turno das eleições presidenciais contra Fernando Haddad (PT).

Em entrevista ao jornal "Valor Econômico", o governador, que disputa as prévias do PSDB para ser candidato à presidência em 2022, disse que, naquele momento, a volta do PT ao poder lhe parecia um "mal maior".

Era um caminho muito difícil. A volta do PT ao poder parecia um mal maior naquele momento. Eu menosprezei de fato a capacidade de fazer o mal do Bolsonaro. Eu não considerava... especialmente não sabíamos que haveria uma pandemia em que esta crueldade do presidente se apresentasse fatal, como se apresenta, com perdas de vidas
Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul

Apesar do voto declarado em 2018, Leite disse que não apoiou a candidatura de Bolsonaro. Segundo ele, "apoiar é pedir votos", como fez o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que usou o slogan "BolsoDoria" durante sua campanha para o governo do estado no segundo turno daquele.

"Fiz uma declaração de voto, e não fiz campanha casada, não fiz material, não pedi votos. Apoiar é pedir votos. Foi bem diferente [do Doria], bem diferente; e do que meu principal adversário no Rio Grande do Sul, o então governador [José Ivo] Sartori [do MDB] fez", declarou.

2º turno com Lula e Bolsonaro

Questionado sobre em quem votaria num eventual segundo turno entre Bolsonaro e o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) no ano que vem, Leite que lutará para evitar esse cenário, mas que, se ocorrer, discutirá "lá na frente" qual o posicionamento a ser adotado.

"Vou lutar tudo o que eu posso para evitar essa situação. Se ela acontecer, vamos discutir lá na frente que tipo de posicionamento acontecerá. Lula não vai cicatrizar as feridas deixadas abertas por Bolsonaro porque está na raiz da divisão", afirmou.

O governador gaúcho disse que o país precisa acabar com essa polarização entre Bolsonaro e Lula e abrir um novo capítulo em sua história política. Ele se colocou como um político da nova geração e afirmou que espera poder ajudar a no processo de renovação.

"O país precisa encerrar esse capítulo e abrir o capítulo de uma nova história política, inclusive alterando, quem sabe, e isso eu posso ajudar a representar a geração de políticos, uma vez que sou o primeiro governador 'millenial' do país. Talvez possa dar alguma colaboração nesse sentido", declarou.

Prévias no PSDB

Sobre as prévias do PSDB para escolha de seu possível candidato ao Palácio do Planalto, Leite afirmou que o processo tem de ser conduzido de forma a evitar animosidades dentro de um partido já rachado.

Ele descartou ser vice numa eventual chapa com Doria ou Ciro Gomes (PDT) e disse que se não liderar o processo eleitoral também não será coadjuvante.

"Uma candidatura a vice, não apenas do Ciro como de qualquer outro candidato, é algo sobre o que menos me inclino. Aí ficaria no Rio Grande do Sul, para concluir o meu mandato e ajudar a conduzir o processo eleitoral local, da sucessão, e daria a minha contribuição à candidatura que viesse a ser consagrada no centro", afirmou.

Questionado se a alta rejeição a Doria nas pesquisas de intenção de voto para a presidência, Leite disse "não torcer" para que ela continue, pois poderia acabar prejudicando sua própria candidatura ao Planalto, caso seja confirmada.

"Não torço para que ela continue, porque ela vai ser importante para o partido inclusive. [Doria é] uma figura importante, que o governador de São Paulo não seja rejeitado, seja ele o candidato ou não. É o maior colégio eleitoral do país. Você tem que ir bem em São Paulo", declarou.