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Bolsonaro em reunião com líderes: 'Índio quer trabalhar e pagar imposto'

Jair Bolsonaro foi para a entrada do Congresso Nacional para conversar com um grupo de indígenas da Tribo Piwanamã que estava reunido no local - Fatia Meira/FuturaPress/Estadão Conteúdo
Jair Bolsonaro foi para a entrada do Congresso Nacional para conversar com um grupo de indígenas da Tribo Piwanamã que estava reunido no local Imagem: Fatia Meira/FuturaPress/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo*

12/08/2021 11h22Atualizada em 12/08/2021 14h25

O presidente Jair Bolsonaro disse hoje, após encontro com lideranças indígenas pró-governo, que trabalha para que os indígenas sejam vistos como "pessoas iguais a nós" e que muitos deles querem "trabalhar e pagar imposto".

Ao criticar a resistência da oposição em relação a projetos relacionados a questões indígenas, como o que afrouxa as regras de demarcação de terras, Bolsonaro também falou em dar "liberdade ao povo indígena". Ele ainda apresentou o discurso como se falasse sobre a totalidade dos povos indígenas, ignorando a forte resistência a sua política por parte de outras lideranças que não estavam no encontro.

"Tem o lobby do outro lado que quer manter nossos irmãos indígenas numa situação como se fossem pessoas que não são iguais a nós. Mas eles são exatamente iguais a cada um de nós: índio quer trabalhar, quer internet, quer o progresso, quer pagar imposto. Chegamos a esse ponto no Brasil e devemos dar realmente liberdade aos nossos irmãos indígenas", disse.

Participaram do encontro na manhã de hoje lideranças indígenas e o presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Augusto Xavier da Silva. Dentre os temas abordados foi discutido o desenvolvimento de atividades produtivas em reservas indígenas.

Antes, ao cumprimentar os indígenas, que estavam na frente do Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou que seu trabalho é ajudá-los e "dar um norte para que vocês possam realmente produzir". "O Brasil todo quer isso", disse.

"É vocês fazerem dentro da terra de vocês o que o fazendeiro faz na fazenda vizinha", disse. "Algumas etnias já fazem isso, mas a grande maioria ainda está presa a uma legislação que deve ser mudada", completou.

Porém, vale lembrar que muitas outras lideranças indígenas que não estavam no encontro discordam da política do governo federal para o tema. O discurso de Bolsonaro sobre integração dos indígenas também é questionado por especialistas sobre a questão.

Em junho, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara concluiu a votação de projeto de lei que afrouxa as regras de demarcação de terras indígenas.

A proposta é alvo de críticas da oposição e de lideranças indígenas, principalmente pela abertura de brechas para a exploração de atividades econômicas e de impactos ambiental e social negativos, como mineração e extrativismo de madeira, por pessoas de fora das comunidades indígenas. Um dos principais defensores dessa abertura econômica em terras indígenas é o próprio Bolsonaro.

Depois da CCJ, o projeto seguirá para plenário da Câmara e, se aprovado, será encaminhado para a apreciação do Senado.

Bolsonaro cumprimentou as pessoas e recebeu presentes, como cocares e outros acessórios indígenas. O presidente não usava máscara de proteção contra covid-19 e houve aglomeração. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), acompanhou o presidente na conversa com indígenas.

Com informações do Estadão Conteúdo.