Sergio Moro atrapalha e inviabiliza a terceira via para 2022, diz Freixo
A filiação do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro ao Podemos pode atrapalhar outros candidatos da chamada terceira via na disputa das eleições em 2022, avalia o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ). Em entrevista ao Conversa com Bial, Freixo afirmou que a campanha de Moro deve representar o "bolsonarismo sem Bolsonaro".
"Não acho que Moro seja uma terceira via. Ele, inclusive, a inviabiliza, atrapalha demais e pode tornar inviável qualquer candidato da terceira via", disse o parlamentar. "A candidatura do Moro é uma tentativa de ter todo o bolsonarismo sem Bolsonaro."
Para Freixo, ainda não há elementos para cravar que Moro conseguirá atender parte do bolsonarismo que deixou de apoiar o presidente da República. "Nesse sentido, ele pode trazer outra forma de polarização com o Lula e, evidentemente, atrapalha bastante o próprio Bolsonaro", afirmou.
O deputado, que é líder da Minoria na Câmara, classificou a trajetória de Moro na política como uma "experiência autoritária" na história do Brasil. O ex-juiz se filiou ao Podemos no mês passado e deve ser lançado como o candidato à Presidência pela sigla.
"[Moro] fez muito mal ao Judiciário. Um juiz que foi parcial, influenciou numa eleição de maneira indevida, se beneficiou disso, virou ministro e depois candidato. Às vezes a gente fica procurando experiências autoritárias em países vizinhos e essas experiências estão muito mais perto do que imaginamos."
'No palanque de Lula'
Marcelo Freixo trocou o PSOL pelo PSB em junho, acompanhado do governador do Maranhão, Flávio Dino. Ele deve concorrer a governador do Rio de Janeiro pela sigla.
Questionado se o novo partido apoiará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas próximas eleições, o deputado acenou para a possibilidade, desde que o petista concorde em realizar "amplas" alianças.
"O PSB provavelmente estará no palanque de Lula. Esse debate está sendo feito e a gente espera que esse palanque seja amplo, que dialogue com temas que estamos dizendo que são fundamentais do século 21", disse.
"Lula é o palanque que a gente tende a estar, mas o [Geraldo] Alckmin tem situação diferente", continuou, citando uma possível candidatura do atual tucano — que deixaria o PSDB pelo PSB — como vice de Lula.
"Alckmin não é um quadro que viria naturalmente para o PSB. Ele é um gesto do partido para possibilitar uma aliança mais ampla e precisa ser reconhecido assim: como o PSB abrindo mão de seus quadros para trazer alguém que dialogue com setores que seriam decisivos para vencer a eleição e, também, para governar com mais segurança."
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