PGR pede que STF não siga com inquérito contra Bolsonaro por fake news
Rafael Neves e Anna Satie
Do UOL, em Brasília e em São Paulo
13/12/2021 20h12Atualizada em 13/12/2021 20h17
O procurador-geral da União, Augusto Aras, pediu hoje ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes que reveja a decisão de investigar o presidente Jair Bolsonaro (PL) por associar falsamente a vacina contra covid-19 à Aids em transmissão nas redes sociais.
No documento, Aras diz que Moraes não teria competência para abrir o inquérito, já apenas a PGR poderia requerer a instauração de um procedimento perante a Corte. Ele também negou qualquer inércia por parte da gestão dele, e pede que, caso o requerimento dele seja rejeitado, Moraes seja afastado do processo e o ministro Luís Roberto Barroso assuma a relatoria.
Moraes abriu a apuração no último dia 3, a pedido da CPI da Covid. No despacho, ele criticou a atuação de Aras nos casos relacionados à comissão, e que Aras não poderia apenas abrir uma investigação interna. Para ele, seria necessário um inquérito formal na PGR com acompanhamento do Supremo.
Em resposta, Aras disse que a abertura do inquérito pode transparecer uma "invasão das funções ministeriais" determinadas pela Constituição e "um indesejável rompimento do sistema processual vigente com o consequente retorno ao superado sistema medieval inquisitorial". Ele também reforça que é necessário separar a função de julgar da de acusar.
O PGR também disse estar agindo e que enviou dez petições sigilosas ao STF, inclusive contra o presidente. "Portanto, constata-se e reafirma-se que jamais existiu qualquer inércia ministerial", escreveu.
Esse seria um dos motivos para a revisão do inquérito, já que uma pessoa não pode ser processada duas vezes pela mesma acusação. "Logo, procura-se impedir a persecução criminal múltipla no Supremo Tribunal Federal, como se detecta no caso concreto", disse.