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Bolsonaro fez do Brasil um Estado policial, diz Ciro, após ser alvo da PF

Do UOL, em São Paulo

15/12/2021 09h59Atualizada em 16/12/2021 09h59

O pré-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) transformou o Brasil "num estado policial que se oculta sob falsa capa de legalidade", após ser alvo de uma operação da PF (Polícia Federal) contra desvios de recursos públicos nas obras do estádio Castelão, no Ceará. O irmão dele, o senador Cid Gomes (PDT), também foi alvo da ação.

Em nota, Ciro negou ter ligação com os supostos fatos apurados, disse que não exerceu nenhum cargo público relacionado a eles, e afirmou que a operação tem objetivo de "tentar criar danos" a sua pré-candidatura.

Até esta manhã, eu imaginava que vivíamos, mesmo com todas imperfeições, em um país democrático. Mas depois da Polícia Federal subordinada a Bolsonaro, com ordem judicial abusiva de busca e apreensão, ter vindo a minha casa, não tenho mais dúvida de que Bolsonaro transformou o Brasil num Estado Policial que se oculta sob falsa capa de legalidade Ciro Gomes

Segundo a PF, a operação, batizada de Colosseum, apura "fraudes, exigências e pagamentos de propinas a agentes políticos e servidores públicos decorrentes de procedimento de licitação para obras no estádio Castelão".

Foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão nas cidades de Fortaleza, Meruoca (CE), Juazeiro do Norte (CE), São Paulo, Belo Horizonte, e São Luís.

"O pretexto era de recolher supostas provas de um suposto esquema de favorecimento a uma empresa na licitação das obras do Estádio do Castelão para a Copa do Mundo de 2014. Chega a ser pitoresco", escreveu Ciro, em suas redes sociais.

"O Brasil todo sabe que o Castelão foi o estádio da Copa com maior concorrência, o primeiro a ser entregue e o mais barato construído para Copas do Mundo desde 2002. Ou seja, foi o estádio mais econômico e transparente já feito para a Copa do Mundo", acrescentou ele.

O braço do estado policialesco de Bolsonaro, que trata opositores como inimigos a serem destruídos fisicamente, levanta-se novamente contra mim Ciro Gomes

Os mandados foram expedidos pela 32ª Vara da Justiça Federal e mídias digitais, celulares e documentos foram apreendidos.

Investigação começou em 2017

Segundo a PF, a investigação, que começou em 2017, indica o pagamento de R$ 11 milhões em propinas para que uma determinada empresa ganhasse a licitação da Arena Castelão e, posteriormente, recebesse valores devidos pelo governo do Ceará.

A propina foi paga diretamente em dinheiro ou disfarçada de doação eleitoral, com emissão de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas, segundo a investigação.

Os investigados poderão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, fraudes em licitações, associação criminosa, corrupção ativa e passiva. O nome da operação remete em italiano ao estádio Coliseu, localizado em Roma, na Itália.

Pesquisa Ipec

Pesquisa Ipec divulgada ontem pelo portal g1 e pela GloboNews — a primeira desde a filiação de Sergio Moro ao Podemos — mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem ampla vantagem frente aos adversários e poderia vencer a eleição em primeiro turno. Ele é seguido por Bolsonaro.

No primeiro cenário, com 12 candidatos, Lula tem 48%, Bolsonaro, 21%, Moro, 6%, Ciro, 5%. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

No segundo cenário, com apenas cinco nomes, Lula tem 49% das intenções de votos, enquanto seus adversários somados tem 38%.

Veja abaixo a nota na íntegra divulgada por Ciro Gomes:

Até esta manhã, eu imaginava que vivíamos, mesmo com todas imperfeições, em um país democrático. Mas depois de a Polícia Federal subordinada a Bolsonaro, com ordem judicial abusiva de busca e apreensão, ter vindo à minha casa, não tenho mais dúvida de que Bolsonaro transformou o Brasil num Estado Policial que se oculta sob falsa capa de legalidade.

O pretexto era de recolher supostas provas de um suposto esquema de favorecimento a uma empresa na licitação das obras do Estádio do Castelão para a Copa do Mundo de 2014.

Chega a ser pitoresco. O Brasil todo sabe que o Castelão foi o estádio da Copa com maior concorrência, o primeiro a ser entregue e o mais barato construído para Copas do Mundo desde 2002. Ou seja, foi o estádio mais econômico e transparente já feito para a Copa do Mundo.

Mas não é isso. E sejamos claros. Não tenho nenhuma ligação com os supostos fatos apurados. Não exerci nenhum cargo público relacionados com eles. Nunca mantive nenhum tipo de contato com os delatores. O que, aliás, o próprio delator reconhece quando diz que NUNCA me encontrou.

Tenho 40 anos de vida pública e nunca fui acusado nem processado por corrupção. Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos à minha pré-candidatura à Presidência da República. Da mesma forma tentaram 15 dias antes do primeiro turno da eleição de 2018.

O braço do estado policialesco de Bolsonaro, que trata opositores como inimigos a serem destruídos fisicamente, levanta-se novamente contra mim.

Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar me intimidar e deter as denúncias que faço todo dia contra esse governo que está dilapidando nosso patrimônio público com esquemas de corrupção de escala inédita.

Nunca me senti um cidadão acima da lei, mas não posso aceitar passivamente ser tratado como um subcidadão abaixo da lei. Sou um homem do embate, do combate e do Direito. Essa história não ficará assim. Vou até as últimas consequências legais para processar aqueles que tentam me atacar.

Meus inimigos nunca me intimidaram e nunca me intimidarão. NINGUÉM VAI CALAR A MINHA VOZ