Cinco dias após pedido da Anvisa, PF ainda não definiu proteção a técnicos
Cinco dias após um pedido da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a Polícia Federal ainda não decidiu se oferece ou não proteção a servidores ameaçados. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que queria "o nome das pessoas que aprovaram" vacinas contra covid-19 para crianças de 5 a 11 anos. Nos dias seguintes, a agência relatou que houve ameaças a profissionais.
O UOL apurou que, até a tarde de quarta-feira (22), os setores técnicos da PF ainda não haviam decidido se concedem proteção a servidores porque faltam informações sobre quem são os reais ameaçados de morte. Uma das mensagens dizia que, além dos cinco diretores, haveria violência contra os funcionários que servem "o cafezinho" na Anvisa.
Os policiais que cuidam do setor de proteção a ameaçados contaram que o pedido de proteção da Anvisa é "genérico" e não informa quem, de fato, está em risco.
Ao mesmo tempo, ainda não há informações do avanço do inquérito, aberto na semana passada, para identificar os autores dos crimes e os potenciais ameaçados. Essa investigação é realizada em outro setor da polícia, em uma delegacia.
Para um policial que conversou com o UOL, neste momento, não há condições de fazer uma avaliação.
Mas novas informações devem chegar aos agentes e delegados nos próximos dias. Então, será possível definir, com clareza, os reais ameaçados e a possibilidade de proteção.
Uma fonte ouvida pela reportagem lembrou que a polícia oferece a proteção, mas é a vítima que decide se a aceita ou não, porque existem exigências de conduta para a pessoa protegida, como restrições de deslocamento e rotinas.
Primeira ameaça chegou em outubro
No fim de outubro, antes da aprovação dos imunizantes a crianças, os cinco diretores da Anvisa receberam mensagens de correio eletrônico com ameaças de morte.
"Quem atentar contra a segurança física do meu filho será morto", dizia um dos textos.
"Também constam como alvos da citada ameaça de morte instituições escolares do estado do Paraná", acrescentou a agência, à época.
Homem confessou ameaça: "terrorismo"
Após essas ameaças, a agência acionou a Polícia Federal e o Ministério Público. O inquérito foi concluído em 12 de novembro.
Douglas de Toledo Bozza, do Paraná, foi identificado como autor dos textos. Ele confessou o crime e disse que fez "terrorismo" porque não tinha informações sobre exigências de segurança para seu filho voltar a frequentar aulas presenciais no Paraná.
O Ministério Público Federal denunciou Bozza à Justiça pelo crime de ameaça.
Novas ameaças surgiram em dezembro
Em dezembro, surgiram novos problemas para os servidores da agência. No dia 16, as vacinas da Pfizer foram aprovadas pela Anvisa para aplicação em crianças de cinco a 11 anos de idade.
Depois que Jair Bolsonaro disse que queria saber o nome das pessoas, a Anvisa reprovou a atitude. Em nota, afirmou funcionários eram alvo de "ativismo político violento".
Na sexta-feira (17), a agência pediu proteção à Polícia Federal e disse ser vítima de novas ameaças.
No domingo (19) à tarde, a Anvisa relatou "ameaças de violência recebidas e intensificadas de forma crescente nas últimas 24 horas". Uma das mensagens dizia que os criminosos iriam responder "com fogo e fúria e caça a cada um dos diretores". "Até o cara que serve o cafezinho para vocês [sic] não vai escapar ninguém", continuava.
Por isso, a agência pediu novamente às autoridades proteção aos membros da agência. A PF deve informar diretamente à Anvisa a situação do pedido de segurança.
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