Bolsonaro quer nomes da Anvisa que liberaram vacina contra covid a crianças
O presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou hoje que pediu os nomes dos integrantes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) responsáveis por aprovar a aplicação da vacina da Pfizer contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. Ele ainda voltou a criticar a exigência de vacinação e o passaporte sanitário, e disse que avaliaria com a primeira-dama Michelle se vai ou não imunizar a filha Laura, de 11 anos.
"Eu pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para 5 a 11 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas", afirmou Bolsonaro, durante sua live semanal. "A responsabilidade é de cada um. Mas agora mexe com as crianças, então quem é responsável por olhar as crianças é você, pai. Eu tenho uma filha de 11 anos de idade e vou estudar com a minha esposa bastante isso aqui."
Não sei se são os diretores e o presidente [da Anvisa, Antonio Barra Torres] que chegaram a essa conclusão ou se foi o tal do corpo técnico. Mas seja como for, você tem o direito de saber o nome das pessoas que aprovaram [a vacina] para o seu filho a partir de 5 anos. E você decida se compensa ou não.
Jair Bolsonaro, em novo ataque às vacinas
O presidente, no entanto, reforçou que não tem poder de interferência na Anvisa, uma vez que a agência não está subordinada a ele, e voltou a dizer que não foi imunizado contra a covid-19 — diferentemente de Michelle Bolsonaro, que se vacinou em setembro, nos Estados Unidos.
Aval da Anvisa
A decisão da Anvisa de liberar a vacina da Pfizer para o público infantil foi anunciada pela manhã. Os técnicos da agência analisaram um estudo feito com 2.250 crianças, divididas em dois grupos. Dois terços tomaram vacina e um terço tomou placebo (substância que não tem efeito no organismo) em um esquema de duas doses, com intervalo de 21 dias.
A pesquisa comprovou que o imunizante é seguro e eficaz, com benefícios que superam os riscos.
O perfil de segurança da vacina [para crianças] quando comparado com placebo é muito positivo. Ao observar qualquer reação adversa, não tem diferença importante e não tem nenhum evento sério de preocupação por conta da vacinação comparado com placebo.
Gustavo Mendes, da Anvisa, ao justificar autorização
Ainda não há previsão para o início da campanha para este público, uma vez que o Ministério da Saúde não comprou doses pediátricas — que correspondem a um terço das aplicadas nos adultos — do imunizante.
Em nota, a Pfizer afirmou que o contrato para fornecimento de 100 milhões de vacinas no ano que vem já inclui a possibilidade de entrega das versões modificadas para crianças. A expectativa de gestores do Ministério da Saúde é de que as doses comecem a chegar a partir de janeiro, mas o laboratório não informou em quanto tempo pode fazer o envio após o pedido do governo brasileiro.
Ameaças de morte
Em outubro, a possibilidade de incluir o público infantil na campanha de vacinação contra a covid-19 motivou ameaças de morte a cinco diretores da Anvisa. Eles receberam e-mails com intimidações em caso de aprovação da vacina para crianças — o que acabou acontecendo hoje, quase dois meses depois.
Um trecho da mensagem, obtida pelo site O Antagonista, diz: "Deixando bem claro para os responsáveis, de cima para baixo: quem ameaçar, quem atentar contra a segurança física do meu filho: será morto."
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)
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