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Presidente do PDT: 'Ciro vai até o fim da eleição. Vejo 2º turno com Lula'

Colaboração para o UOL, em Brasília

24/01/2022 09h04

Não há chances de o ex-ministro Ciro Gomes abandonar a disputa ao Palácio do Planalto em 2022, disse hoje o presidente do PDT (Partido Democrático Trabalhista), Carlos Lupi, em entrevista ao UOL News.

"Ciro passou a ser candidato desde que ele perdeu a eleição, em 2018. A candidatura dele vai até o dia da próxima eleição... E para vencer. No dia da eleição, ouviremos o povo para saber se eles aprovam ou não nossas ideias", afirmou.

Num possível segundo turno, Lupi vê como mais provável uma disputa entre o pedetista e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A candidatura do Ciro só tende a crescer", diz o dirigente.

"Hoje temos um cenário em que o Lula tem vantagem sobre Bolsonaro. Bolsonaro hoje está com um terço de eleitores que tinha em 2018. Isso é resultado do desmando de um governo antidemocrático e genocida. Creio que teremos um segundo turno de Lula contra Ciro", diz

Ao longo de sua campanha, coordenada pelo ex-marqueteiro do PT, João Santana, Lupi diz que o PDT deve explorar "a falta de coragem de Lula" para lidar com o modelo econômico atual.

"Lula não tocou nessa ferida, que é o sistema financeiro do Brasil. Precisamos taxar os grandes bancos, cobrar das grandes fortunas. Essa é nossa principal diferença, e vamos explorar permanentemente."

Segundo Lupi, questões morais, como as acusações contra o ex-presidente petista em relação à Justiça, devem ser abordadas por direitistas —como o pré-candidato pelo Podemos, Sergio Moro, e o presidente Jair Bolsonaro (PL):

"Nós queremos usar contra o Lula a nossa diferença no campo ideológico", afirma o dirigente do PDT.

Marina como vice e Rede dividida

Depois de lançar, sem sucesso, Marina Silva (Rede-AC) como candidata à Presidência da República em 2018, a Rede está dividida em relação à eleição deste ano. Sob resistência de Marina, uma ala da sigla defende apoiar Lula ainda no primeiro turno.

Outra ala, que inclui a própria ex-candidata, discute o apoio a Ciro Gomes (PDT). Há ainda um debate para que Marina seja candidata a vice ao lado do pedetista, hipótese rechaçada por uma parte do partido.

O presidente do PDT, Carlos Lupi, tem conversado com a ex-senadora.

"Ela é guerreira. Venceu diversas dificuldades. Uma candidata não se constrói sem ter um projeto em comum. Temos conversado com diversos representantes. Da parte do PDT, a aceitação do nome de Marina é total", disse ao UOL News.

Em meio às discussões, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) chegou a procurar a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), para saber se o partido estaria disposto a abrir diálogo a respeito de aliança na eleição.

"Hoje, de fato, a Rede está dividida. Boa parte do partido defende apoio a Lula já no primeiro turno. Tem resistência, mas boa parte quer isso. Tem a sugestão de liberar o voto, tanto em Ciro como em Lula", diz o senador.

Lupi diz que a sigla tem dialogado com outras legendas sobre a possibilidade de apoio à chapa liderada por Ciro. Eventual composição entre Ciro e Marina seria "excelente", afirma o dirigente.

"Mas vice você não impõe. Ciro tem excelente relação com Marina, mas depende dela, da Rede, de a gente ajustar um programa conjunto. Gostaria muito, mas não depende de mim."

Em 2018, Ciro ficou em terceiro lugar; Marina, em oitavo. Quatro anos antes, quando estava no PSB, Marina também participou da eleição, assim como em 2010, pelo PV. Ciro, por sua vez, foi candidato em 1998 e 2002, quando era filiado ao PPS.