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Movimentos pedem cassação de vereador que teria chamado mulher de 'carvão'

Mensagens de Claudião Oklahoma, contendo os xingamentos à vítima - Reprodução / Internet
Mensagens de Claudião Oklahoma, contendo os xingamentos à vítima Imagem: Reprodução / Internet

Do UOL*, em São Paulo

29/03/2022 18h21Atualizada em 29/03/2022 19h24

Na última sexta-feira (25), o vereador de Tatuí, no interior de São Paulo, Cláudio de Santos, conhecido como Claudião Oklahoma, foi acusado por movimentos feministas e antirracismo de compartilhar diversas mensagens com xingamentos a uma mulher, que preferiu manter-se anônima. Após a divulgação destas declarações nas redes sociais, uma petição a favor da cassação do político tem sido compartilhada na cidade, já reunindo mais de 2 mil assinaturas.

Em nota, Claudião Oklahoma afirmou que as imagens são montagens (veja resposta abaixo).

Capturas de tela do grupo, no qual os xingamentos foram enviados, vazaram na internet, resultando em um boletim de ocorrência feito pela vítima.

Dentre os termos que o vereador usou para descrevê-la estão "Dragão desgraçada de feia", "carvão queimado", "chita" e ataques ao cheiro da vítima, além de xingamentos ao filho dela.

Reações e a petição

Nas redes sociais, o Coletivo Alvorada Antirracista, o Núcleo Feminista Rosas da Revolução e o Coletivo Evangélico Progressista A Verdade Liberta se posicionaram pedindo a cassação do vereador. Em nota conjunta, os movimentos disseram que as palavras de Claudião Oklahoma foram "misóginas" e "racistas".

"Tal conduta é totalmente incompatível com o que se espera de qualquer ser humano e, principalmente, de um suposto representante do povo de Tatuí. Mais uma vez o bolsonarismo mostra a sua face mais perversa, mais truculenta e o seu desprezo às minorias. As falas racistas e misóginas do vereador não ferem a dignidade somente de uma cidadã, mas de todas as mulheres e de toda a população negra, comprovando o quanto o racismo e o machismo ainda se encontram presentes em nossa sociedade", diz nota.

O UOL entrou em contato com o vereador Claudião Oklahoma pelos emails pessoal e parlamentar, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem. O texto será atualizado em caso de resposta. Ao jornal o Estado de S. Paulo, ele disse que tomou conhecimento das denúncias ontem (28) e afirmou ser montagens.

"Na data de ontem (28) tomei conhecimento sobre as narrativas vinculadas em grupos de whatsapps e nas redes sociais, que em breve resumo apresentava uma montagem de capturas de mensagens contendo imagens que supostamente se referiam a comentários ofensivos vinculados a minha pessoa. Ao receber o conteúdo, e ao ser procurado, verifiquei que se tratava de montagens para me prejudicar, sem qualquer nexo e/ou verdade, produzidos por um desafeto que há tempos vem atacando eu e minha família, por razões políticas, principalmente por não ter cedido a pressões políticas para beneficiar - ilicitamente - tal pessoa.

"Nestes ataques, foram veiculadas imagens, inclusive de meus filhos menores e de minha esposa, além de frases ofensivas contra terceiros, satirizando iniciativas de leis de minha autoria, e principalmente, me atacando como pessoa, produzindo "memes" e "figurinhas", inclusive ironizando meus problemas de saúde em relação à obesidade. Em certa feita, chegou a confessar que faria montagens de cunho "racista" buscando me incriminar.

Importante frisar que a pessoa por trás desta manobra, utilizou a própria esposa para deflagrar as campanhas sociais, e inclusive, produziu conteúdo contra a ex-prefeita deste município, ironizando seu falecimento, atacando diretamente a filha e o marido, e mais, conhecido no meio político por criar "fake news", e mais, respondendo à processos/procedimentos por criar tais conteúdos, inclusive, se intitula "destruidor de reputações".

Além de que, é possível verificar que em todo o conteúdo publicado, há divergência de identidades relacionada aos números supostamente conexos a mim, demonstrando claramente que o material teria sido fabricado com o único intuito político de desmoralizar minha imagem, pois, até o momento, não recebi nenhuma comunicação oficial de nenhuma autoridade, que exija minha manifestação oficial, seja por mim, por minha assessoria ou por meu jurídico.

Consigno que sou totalmente contra qualquer discriminação, e aqueles que acompanham meu trabalho são conhecedores desta afirmação, e mais, repúdio qualquer situação neste sentido, que venha a ofender qualquer classe, etnia, raça, gênero, enfim. Coloco-me a disposição, da imprensa, das autoridades para quaisquer esclarecimentos, e que, em eventual abertura de procedimento, processo ou similar, estarei exercendo minha manifestação, relatando os fatos, inclusive, com todo material que embasa esta nota, que demonstram toda a perseguição política que venho sofrendo por não atender pedidos ilícitos e imorais."

Por meio de nota, a Câmara Municipal de Tatuí declarou que "não compactua com os atos supostamente cometidos por um membro do Poder Legislativo". A Casa informou que a denúncia será apurada e que "preza pela pluralidade humana, repudiando todo tipo de discriminação".

* Com Estadão Conteúdo