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PF conclui que não houve crime em supostas interferências de Bolsonaro

Jair Bolsonaro - Clauber Cleber Caetano/PR
Jair Bolsonaro Imagem: Clauber Cleber Caetano/PR

Do UOL, em São Paulo

30/03/2022 18h03

Após quase dois anos, a investigação da PF (Polícia Federal) sobre a conduta do presidente Jair Bolsonaro (PL) concluiu que o chefe do Executivo não cometeu crimes nas supostas interferências que teria feito na instituição. Em documento enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), a PF afirmou que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro também não pode ser enquadrado em ato criminal. Caberá à PGR (Procuradoria-Geral da República) decidir se arquiva ou não o caso.

As acusações do inquérito vieram de Moro, que em 2020, ao deixar o cargo de ministro, disse que Bolsonaro havia trocado o comando da PF para ter acesso a investigações e relatórios da entidade, o que é proibido pela legislação.

No entanto, o documento de conclusão do inquérito afirmou que "o próprio noticiante, Sergio Moro, declarou não haver qualquer pedido de informações ou ingerência por parte do Presidente da República em investigações conduzidas pela PF".

Dois anos atrás, Moro falou sobre a exoneração do então diretor-geral da PF, Maurício Leite Valeixo, dizendo que "houve essa insistência" da parte de Bolsonaro para trocar a liderança do órgão.

"Falei que seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo [...] O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações", afirmou.

O chefe do Executivo, no entanto, nunca se mostrou abalado com as acusações. Em 2019, ele afirmou ter sido eleito "para interferir mesmo, é isso que eles querem. Se é para ser um banana ou um poste dentro da Presidência, tô fora".

Há duas semanas, o presidente ignorou as suspeitas e críticas novamente: "Parabéns à PF pela Operação Tarrafa, tem gente presa. A PF não para e ninguém controla, graças a Deus".

Além das diversas trocas em cargos importantes da PF durante o governo Bolsonaro, dados indicam queda de prisões por corrupção. Números obtidos via LAI (Lei de Acesso à Informação) pela agência Fiquem Sabendo apontam que este índice está em queda desde 2019, quando Bolsonaro assumiu a Presidência.

Ano passado, as prisões por corrupção realizadas pela PF tiveram o menor patamar dos últimos 14 anos. Foram 143 prisões entre janeiro e setembro, uma redução de 44% em comparação ao mesmo período de 2020. Não foram informados dados estatísticos dos últimos três meses de 2021.