Queiroga contradiz Bolsonaro e diz que não vai decretar fim da pandemia
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou hoje que a pasta não vai rebaixar o status da pandemia de covid-19 para endemia, como vem afirmando o presidente Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista coletiva, o ministro e o secretário-executivo da Saúde, Rodrigo Cruz, afirmaram que a pasta estuda apenas encerrar o estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin), em vigor há mais de dois anos.
Este estado de emergência, que estabeleceu as primeiras medidas de combate à covid por parte do governo, foi decretado por meio de uma portaria publicada em 3 de fevereiro de 2020, mais de um mês antes de a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarar a pandemia em âmbito mundial. Para que a emergência sanitária seja encerrada, o ministério ainda "depende de uma série de análises", segundo Queiroga.
Conforme o ministro, o governo leva em conta três fatores para decidir pelo encerramento ou não do estado de emergência: os números de contaminação e de mortes, a disponibilidade de vagas no sistema de saúde e a oferta de medicamentos e insumos para internações e tratamento de casos graves.
"Não pode ser interrompida nenhuma política pública que seja importante e fundamental para o combate à covid-19", assegurou Queiroga.
Bolsonaro vinha afirmando, desde o início do mês, que esperava que o governo decretasse o fim da pandemia, uma medida que, segundo o presidente, é necessária para "nós voltarmos à normalidade" no Brasil. ""Não se justifica mais todos esses cuidados no tocante ao vírus, praticamente acabou. Parece que acabamos a situação da pandemia", afirmou ele em sua live semanal, no último dia 17.
Campanha
A insistência em minimizar a pandemia tem rendido dividendos eleitorais a Bolsonaro. Uma pesquisa da Quaest Consultoria, divulgada no dia 17, mostrou que os eleitores bolsonaristas estão menos preocupados com a doença do que os apoiadores dos demais candidatos.
O trabalho aponta que 31% dos eleitores do atual mandatário querem autorização para não usar máscaras em qualquer ambiente, mesmo os fechados. Essa parcela é de 11% entre os eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e 18% com os apoiadores de outros candidatos.
Enquanto 51% dos que declaram voto em Lula defendem que a máscara deve continuar obrigatória em todos os locais, essa parcela cai para 22% entre os partidários de Bolsonaro.
Bolsonaro tem reforçado argumentos usados por aliados desde o ano passado e que deverão ser reiterados durante a campanha: de que o governo garantiu vacinas para a população em tempo hábil, diferentemente do que afirma a oposição, que o responsabiliza pela demora em comprar imunizantes, e de que ele acertou em combater as medidas de isolamento social — defendidas por especialistas em saúde — porque elas prejudicaram a economia — alegação da qual economistas discordam.
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