Moraes prorroga inquérito contra Bolsonaro por ligar vacina da covid à Aids
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), prorrogou por mais 60 dias o inquérito que apura a live em que o presidente Jair Bolsonaro fez uma associação falsa entre a vacinação contra a covid-19 e o aumento do risco de contrair HIV. Na mesma decisão, o ministro autorizou a PF a pedir ao Google que forneça a cópia da transmissão.
"Defiro e autorizo a autoridade policial que encaminhe ofício à empresa Google Brasil para que, no prazo máximo de 10 dias, lhe forneça cópia integral do conteúdo da 'live' realizada pelo Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, na data de 21/10/2021, às 20h30, no Youtube, por meio de link para acesso e download dos dados", escreveu Moraes.
Ao prorrogar o inquérito por mais 60 dias, Moraes apontou a necessidade do prosseguimento das investigações. A apuração foi instaurada em dezembro a partir de uma notícia-crime apresentada pela CPI da Covid, por meio do senador Omar Aziz (PSD-AM).
Durante a live que provocou o inquérito, Bolsonaro leu uma suposta notícia, sem citar a fonte, afirmando que pessoas no Reino Unido estavam contraindo Aids depois de receberem duas doses da vacina contra covid-19. "Recomendo que leiam a matéria. Não vou ler aqui porque posso ter problemas com a minha live", disse o presidente.
A alegação já havia sido refutada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que reforçou a necessidade de vacinação para portadores do vírus HIV. Entidades como a SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e a Unaids, o programa das Nações Unidas de combate à Aids, repudiaram a declaração. "Não se conhece nenhuma relação entre qualquer vacina contra a Covid-19 e o desenvolvimento de síndrome da imunodeficiência adquirida", disse a SBI em nota.
A live de Bolsonaro foi transmitida no Facebook, no Instagram e no YouTube. As três plataformas retiraram o conteúdo do ar, alegando que foram violadas diretrizes relacionadas à propagação de informações sobre covid-19.
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