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Bolsonaro diz que Brasil não teve problema social na pandemia

Stella Borges

Do UOL, em São Paulo

19/05/2022 14h37Atualizada em 19/05/2022 15h38

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, hoje, que o Brasil não teve nenhum problema social durante a pandemia de covid-19. A declaração foi dada durante discurso no Congresso do Mercado Global de Carbono, no Rio de Janeiro.

Os mais humildes, quando ficaram obrigados a ficar em casa, perderam toda a sua renda. E não tivemos nenhum problema social no Brasil porque nós acolhemos essas pessoas. Estamos voltando à normalidade Jair Bolsonaro

O chefe do Executivo federal disse também que o governo federal fez "um esforço muito grande" para que a economia não entrasse em colapso.

Dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) mostram que, em 2020, o país tinha 19,1 milhões de pessoas com fome.

No ano passado, o economista-chefe da FAO (Organização para a Alimentação e Agricultura), Maximo Torero, apontou que a fome no Brasil aumentou de forma exponencial em 2020 e os programas de auxílio emergencial criados pelo governo foram incapazes de lidar com o fenômeno.

Conforme mostrou o colunista do UOL Carlos Madeiro, na semana passada, o fim do auxílio emergencial, em outubro do ano passado, fez disparar o número de famílias em situação de extrema pobreza no Cadastro Único do governo federal. Em cinco meses, 2,6 milhões de famílias nessa faixa de renda se inscreveram no sistema que dá acesso ao Auxílio Brasil, o programa que substituiu o Bolsa Família.

Inflação

Em seu discurso, o presidente voltou a criticar o isolamento social feito durante a pandemia — chamado por ele de "política do fique em casa".

"Talvez [eu fui] —digo talvez —o único chefe de Estado do mundo que não aceitou o 'fique em casa e a economia a gente vê depois'. Lamentavelmente a condução da pandemia foi tirada da minha mesa presidencial. Mas o Brasil fez sua parte, colaborando com estados e municípios", disse ele.

O presidente mente ao dizer ter sido proibido de adotar "qualquer ação" contra o coronavírus. Em abril de 2020, o STF (Supremo Tribunal Federal) reafirmou a autonomia de estados e municípios para adotar medidas de isolamento social e definir quais atividades seriam suspensas, mas não tirou do governo o poder para atribuições relativas à pandemia.

Em sua fala, Bolsonaro voltou a reconhecer o avanço da inflação no Brasil, mas defendeu que o fenômeno ocorre em todo mundo. Segundo ele, a alta dos preços dos alimentos se deve a fatores como o isolamento social adotado na pandemia e a guerra na Ucrânia.

Conforme já mostrou o UOL Confere, o isolamento não é a causa da alta nos preços e ajudaria a acelerar a recuperação da economia se tivesse sido bem feito, segundo economistas.

Puxado pelos alimentos e combustíveis, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial no país, fechou abril em 1,06%, maior resultado para o mês em 26 anos, desde 1996. No ano, o IPCA acumula alta de 4,29% e, nos últimos 12 meses, de 12,13%.

O Congresso definiu no início de maio que o Auxílio Brasil tenha valor de R$ 400 indefinidamente, e não só em 2022, como estava previsto. Mas, com a inflação acelerada, o valor de R$ 400 já deveria estar em R$ 417 para manter o poder de compra.

O presidente voltou a dizer que o Brasil "se conduziu muito bem" na pandemia. Desde o início da pandemia, foram 665.376 vidas perdidas no país em decorrência da doença causada pelo coronavírus, segundo dados divulgados ontem pelo consórcio de imprensa do qual o UOL faz parte.

O Brasil não teve uma política de isolamento social coordenada pelo governo federal. Ao longo da pandemia, o presidente atacou as medidas de isolamento — comprovadamente eficazes para a contenção da circulação do vírus.

A gestão federal também atrasou a compra de vacinas e, por consequência, a aplicação de doses na população. Apurações da CPI da Covid, no Senado, mostraram que o Ministério da Saúde ignorou mais de 80 e-mails da Pfizer.

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