Aras discute e vai para cima de colega durante reunião do MPF; assista
O procurador-geral da República, Augusto Aras, partiu para cima de um subprocurador durante um bate-boca na reunião do Conselho Superior do Ministério Público Federal desta terça-feira (24). A transmissão foi interrompida quando o PGR bateu na mesa, se levantou e se dirigiu à cadeira do colega Nívio de Freitas, com quem discutia.
Outros integrantes do conselho se levantaram para impedir que a discussão virasse briga física. Seguranças também foram acionados para conter a situação.
A discussão começou durante o debate sobre os critérios para a eleição dos membros das câmaras temáticas da PGR, responsáveis por orientações sobre casos que vão de combate à corrupção, direito indígena e meio ambiente.
O subprocurador Nívio de Freitas discordou das regras listadas por Aras, iniciando o bate-boca com o PGR.
"Eu gostaria que Vossa Excelência respeitasse a direção dos trabalhos. O conselheiro Nicolao está falando. Eu estou ouvindo. Vossa Excelência, respeite a direção dos trabalhos", disse Aras, apontando o dedo para Freitas, que tentava falar junto ao PGR.
Na sequência, o subprocurador Nicolao Dino pede a palavra.
"Pode, eu só não posso admitir essa bagunça que o colega?", responde Aras, que é interrompido por Freitas.
"Bagunça? Mas Vossa Excelência também interferiu quando o colega estava falando! Então, se Vossa Excelência quer respeito, que me respeite também", disse Freitas.
Aras se irritou e rebateu o colega. "Vossa Excelência não é digno de respeito!". Freitas então responde Aras e diz que "digo o mesmo de Vossa Excelência".
Nesse momento, Aras bateu na mesa, se levantou e partiu para cima do colega. A transmissão da sessão foi interrompida, mas é possível ouvir Nívio de Freitas dizer: "Não chegue perto de mim!". Antes do corte, observa-se que outros integrantes da sessão se levantaram também.
Quando a transmissão foi retomada, Aras já estava de volta à sua cadeira e disse "Vamos voltar à votação?".
Minutos depois, a vice-procuradora-geral Lindôra Araújo afirmou que não havia necessidade "de tamanha violência" na discussão sobre a eleição das câmaras do MPF.
"Estamos aqui em um colegiado, tentando resolver a escolha de membros e de colegas para passar dois anos e da melhor maneira possível. Podemos seguir a votação sem nenhum desgaste", disse Lindôra.
Reservadamente, subprocuradores relataram ao UOL que, embora o clima dentro do Conselho Superior do MPF seja sempre um pouco "tenso", o episódio de hoje foi considerado "incomum" e alguns integrantes demonstraram preocupação com a reação de Aras. "Extrapolação completa", disse um integrante da PGR.
Procurado pelo UOL, o gabinete de Augusto Aras disse que não vai se manifestar sobre o episódio.
Em 2020, .Nívio de Freitas foi um dos quatro subprocuradores que assinaram uma carta aberta para criticar declarações de Aras contra a força-tarefa da Lava Jato. Na ocasião, o PGR defendia uma "correção de rumos" e mudanças no modelo adotados pelos investigadores, especialmente em Curitiba. O texto assinado por Freitas dizia que as falas de Aras alimentavam "suspeitas e dúvidas" sobre a atuação do MPF
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