Prefeito acusa antecessora de deixar dívidas e apagar Instagram da cidade
O prefeito recém-empossado de Timon (MA), Rafael Brito (PSB), está indignado com uma "herança maldita" que teria sido deixada pela antecessora, Dinair Veloso (PDT), que foi derrotada na tentativa de reeleição em outubro.
Segundo ele, a ex-prefeita terminou o mandato sem passar informações oficiais da prefeitura e deixou dívidas de ao menos R$ 8 milhões a serem pagas de imediato, sem recursos em caixa para isso.
Nem mesmo o perfil oficial do município escapou, segundo o prefeito. "Ela não deixou nem o Instagram da Prefeitura, tivemos que criar um novo", disse em entrevista logo após a sua posse, em 1º de janeiro, que viralizou nas redes sociais pelo tom do desabafo.
A coluna procurou Dinair por meio de sua conta no Instagram, mas não teve retorno. O espaço está aberto para manifestação.
A antiga conta da prefeitura no Instagram acumulava quase 80 mil seguidores.
Após a posse de Rafael, um novo perfil foi criado para a população sobre as ações da prefeitura. Nesta sexta-feira (3), a conta tinha 12 mil seguidores. "Já entramos em contato com a Meta [dona do Instagram] para que a conta seja verificada. A que ela [Dinair] deletou era verificada", disse o prefeito, em conversa com a coluna.
A rede social é a maior ferramenta de comunicação que temos. Hoje, 35% da população diz que se informa pelo canal da prefeitura, e tínhamos quase metade da população inscrita no antigo. A gente foi impedido [de usar a conta], [durante a transição] eles não passaram a senha para nossa equipe, foi solicitada diversas vezes.
Rafael Brito
Timon é a segunda cidade mais populosa do estado fora da Grande São Luís, com 174 mil habitantes. O município maranhense fica ao lado Teresina, no Piauí: as cidades são separadas apenas pelo rio Parnaíba.
Outros problemas citados
Segundo o prefeito, a ex-prefeita deixou um saldo em conta de apenas R$ 150 mil, mas com R$ 6 milhões em despesas já liquidadas, ou seja, com serviço ou obra já prestado. "Quando se faz a liquidação, tem de deixar o saldo em conta. Se não faz, ela incorre na Lei de Responsabilidade Fiscal. Foi um crime grave", acusa.
Fora esse débito com fornecedores, ainda há um levantamento em curso para saber qual o tamanho da dívida dos serviços e contratações já empenhados (empenho é a etapa em que o governo reserva o dinheiro a ser pago quando o bem for entregue ou o serviço for concluído).
Outra dívida que ele diz ter encontrado é de parte da folha de pagamento dos servidores da saúde, com valor estimado em R$ 2 milhões. Rafael diz também que assumiu a prefeitura sem serviços contínuos regularizados. Cita como exemplo a alimentação em um hospital, que não tinha fornecedor para 2025.
"Vamos ter de fazer um contrato emergencial, porque isso não pode esperar. Eu determinei uma auditoria em todos os contratos e a suspensão de pagamento por 90 dias", afirma.
Pegamos também muitas estruturas da prefeitura danificadas. Só comunidades, foram oito sem água. Vamos conseguir resolver dois até semana que vem. Vamos analisar contrato por contrato, e até 31 de janeiro vamos terminar um relatório e entregar ao MP [Ministério Público] e ao TCE (Tribunal de Contas do Estado)
Rafael Brito
Reportagem
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