Ministro da Defesa vai à Câmara explicar compra de viagra pelo Exército
O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, vai à Câmara dos Deputados amanhã para explicar a compra milionária de viagra pelas Forças Armadas. A presença do ministro acontece após convite do deputado federal Elias Vaz (PSB-GO), que apontou a suspeita de superfaturamento de 550% na aquisição do medicamento para tratar disfunção erétil.
Segundo Elias Vaz, a compra dos comprimidos pode significar um prejuízo de R$ 28 milhões à União. o parlamentar goiano foi o responsável por compilar e divulgar os números dos pregões que constam no Portal da Transparência do governo. Vaz também acionou o TCU (Tribunal de Contas da União) sobre a aquisição, que abriu um processo de investigação. À época, o deputado também pediu explicações à Defesa.
"É dinheiro público indo para o ralo da corrupção enquanto o povo brasileiro recolhe alimentos no lixo e come sopa de osso. A sociedade merece uma satisfação do governo Jair Bolsonaro (PL)", pontuou o deputado.
Vaz compilou dados do Portal da Transparência de contrato firmado entre o Comando da Marinha e o laboratório EMS S/A para o fornecimento de mais de 11 milhões de comprimidos de citrato de Sildenafila de 20, 25 e 50 miligramas, entre os anos de 2019 e 2022, ao preço de R$ 2,91 a R$ 3,14 por comprimido, valor bem acima do praticado pelo Ministério da Saúde.
Oito processos de compra foram aprovados desde 2020, e ainda estão em vigor neste ano. Nos processos, o medicamento aparece com o nome genérico Sildenafila, nas dosagens de 25 mg e 50 mg. A maior parte dos medicamentos é destinado à Marinha, com 28.320 comprimidos; mas o Exército (5 mil comprimidos) e a Aeronáutica (2 mil comprimidos) também são atendidos.
Próteses penianas
Além de ser questionado sobre a compra do viagra,o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, também deverá responder a respeito da aquisição de próteses penianas para os militares, ao custo de R$ 3,5 milhões aos cofres públicos.
As Forças adquiriram em 2021 60 próteses que variam de 10 a 25 centímetros. Em nota, o Centro de Comunicação Social do Exército afirmou que apenas três próteses foram compradas e todas destinadas a hospitais militares.
Posteriormente, dois hospitais das Forças Armadas informaram ao TCU que a compra das próteses penianas ocorreu porque as próteses infláveis são mais parecidas com a "ereção fisiológica".
"Conforme relatório técnico, a prótese inflável é a prótese que mantém maior semelhança com a ereção fisiológica, pois há um mecanismo para fazer o pênis ficar ereto e voltar ao seu estado normal, além disso possui menor percentual de extrusão", disse um dos documentos.
No documento, os militares afirmam que as próteses maleáveis —as mais baratas— "deixam o pênis em permanente estado de ereção tendo o paciente que dobrar o pênis para vestir uma roupa".
Para Vaz, "o governo está gastando milhões com próteses que não estão no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde, não são fornecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) nem por planos particulares".
O SUS fornece aos usuários próteses maleáveis que custam cerca de R$ 2 mil a unidade. As próteses compradas para os militares custaram até R$ 60 mil cada. O TCU está investigando o caso.
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