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Malafaia defende Bolsonaro e pede investigação de pastores presos

Colaboração para o UOL, em Maceió

22/06/2022 16h27Atualizada em 22/06/2022 17h56

O pastor Silas Malafaia saiu em defesa do presidente Jair Bolsonaro (PL) após a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, detido na manhã de hoje no âmbito da operação Acesso Pago realizada pela PF (Polícia Federal), para apurar suspeitas de corrupção no MEC. Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura também são alvos da operação. Santos já foi detido.

A investigação da PF apura suspeitas de corrupção e tráfico de influência na liberação de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Ribeiro deixou o cargo no ministério no final de março, uma semana após a divulgação, pela Folha de S. Paulo, de um áudio em que ele afirma que o governo federal priorizava prefeituras ligadas aos dois pastores, —que não têm vínculo formal com a gestão pública. (entenda as suspeitas clicando aqui)

Em vídeo publicado nas redes sociais, Malafaia disse "não ver qualquer envolvimento de Jair Bolsonaro no caso" e pediu para que seja realizada uma "investigação profunda" contra os pastores citados na operação.

Segundo Malafaia, ele tem "moral" para falar sobre o assunto, pois foi responsável por "denunciar" os líderes religiosos quando as suspeitas foram reveladas pela imprensa. Ele também negou que Milton Ribeiro tenha sido ministro por indicação da bancada evangélica, mas, sim, por uma escolha pessoal do presidente.

"Eu pedi investigação profunda na época [que o caso veio à tona]. Eu pedi, junto da bancada evangélica, o afastamento do ministro para se apurar profundamente", declarou, ressaltando, entretanto, que vê "algumas coisas estranhas dessas prisões", como, por exemplo, o fato de nenhum prefeito ter sido detido pela PF.

"Se eles [Ribeiro, Moura e Santos] estão presos por suspeita de corrupção, cadê os caras, os prefeitos, não tem prefeito suspeito? Corrompeu quem? Como é que é? A Polícia Federal não pediu a prisão dos prefeitos? Estranho, não é", afirmou.

Silas Malafaia também disse ser uma "piada" querer comparar corrupções denunciadas durante as gestões do PT, mais especificamente no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com aquelas da atual gestão de Bolsonaro.

Por fim, o religioso refutou a tese de que a prisão de Ribeiro, a quem Bolsonaro via como um homem de confiança e chegou a dizer que colocaria 'a cara no fogo' pelo ex-ministro, faça com que o mandatário perca "o discurso de combate à corrupção", uma de suas principais bandeiras durante a campanha de 2018, embora desde que tenha sido eleito tenham surgido várias denuncias de irregularidades em seu governo.

"Agora vamos para a piada: querer comparar corrupção de governo Lula com governo Bolsonaro só pode ser piada", declarou Malafaia.

Entenda

Ex-ministro da Educação e homem de confiança do presidente Jair Bolsonaro (PL), o pastor Milton Ribeiro, 64, foi preso hoje pela Polícia Federal em uma operação batizada "Acesso Pago". A ação apura indícios de pagamento de propina e atuação de lobistas no processo de liberação de verbas do ministério a municípios.

Também foi detido hoje o pastor Gilmar Santos, um dos dois religiosos ligados ao ex-ministro e que foram citados como lobistas do "balcão de negócios" no ministério. O segundo é Arilton Moura —a Polícia Federal não informou à imprensa a situação dos demais alvos das diligências.

No total, são quatro mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão distribuídos entre quatro estados (São Paulo, Goiás, Distrito Federal e Pará). O crime de tráfico de influência tem pena prevista de 2 a 5 anos de reclusão, de acordo com o artigo 332 do Código Penal.

Ribeiro foi preso durante a manhã em Santos (SP), e será transferido ainda hoje para a Superintendência da PF em Brasília — a defesa do ex-ministro tentou fazer com que ele permanecesse em SP e fizesse a audiência de custódia, marcada para amanhã, às 14h, por videoconferência, mas a Justiça negou o pedido.

Ribeiro é suspeito de realizar tráfico de influência a fim de beneficiar aliados com recursos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), órgão do MEC controlado por políticos do centrão. O caso foi revelado inicialmente em reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo". O inquérito da PF cita ao menos quatro investigados, e há ainda indícios de corrupção passiva, prevaricação e advocacia administrativa.