Ex-chanceler de Lula critica sanções dos EUA contra Rússia devido à guerra
O embaixador Celso Amorim, principal conselheiro de política externa do candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez críticas às sanções econômicas lideradas pelos Estados Unidos contra a Rússia. Para Amorim, as medidas são um erro político que aumentam o risco de uma ameaça nuclear.
"Toda semana sai um artigo sobre o uso de arma nuclear. Acho uma irresponsabilidade não se buscar a paz de maneira mais efetiva", disse o ex-chanceler em entrevista à Bloomberg nesta sexta-feira (5). Amorim liderou o Ministério das Relações Exteriores durante os dois mandatos de Lula, de 2003 até 2006 e de 2007 até 2011.
As sanções também já foram alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL). Para ele, as barreiras econômicas impostas pelo Ocidente contra a Rússia pela invasão da Ucrânia não tiveram o efeito desejado. Bolsonaro tem reafirmado que o Brasil não irá aderir ao movimento norte-americano.
"Nós não vamos aderir a essas sanções econômicas, continuamos em equilíbrio. Se eu não tivesse mantido a posição de equilíbrio vocês acham que nós teríamos fertilizantes no Brasil? Como estaria nossa segurança alimentar e de mais de 1 bilhão de pessoas no mundo?", disse Bolsonaro no mês passado.
Já Amorim alertou na entrevista sobre os perigos de isolar uma economia "tão grande e estratégica" quanto a da Rússia, explicando por que o ex-presidente não endossaria tais posições diplomáticas se eleito em outubro.
O ex-chanceler já havia criticado a postura dos EUA em outras ocasiões. Em entrevista ao UOL em fevereiro, ele afirmou que impor sanções à Rússia, após Vladimir Putin reconhecer as regiões separatistas da Ucrânia, era um "erro" e um "fanatismo político" que causa prejuízos à Europa, por acelerar a proximidade entre Moscou e a China.
Durante entrevista ao UOL News, Amorim disse considerar "lamentável" que países como Reino Unido e os Estados Unidos, além da União Europeia, tenham falado em sancionar a Rússia, pois isso faz com que Putin busque apoio da China, e propicie a criação de um "bloco eurasiano" que aprofundará as tensões com os EUA.
Agora, Amorim vê as armas nucleares como uma ameaça tão tangível quanto as do clima, da desigualdade social e econômica e da pandemia. "Não tem condição de isolar a Rússia", disse. "Ou você vai transformá-lo num país cujo rancor com o Ocidente vai ser cada vez maior, ou concomitantemente, vai fazê-lo se aproximar cada vez mais da China".
No primeiro dia do conflito entre Rússia e Ucrânia, em fevereiro, a bancada do PT no Senado culpou os Estados Unidos pelo ataque da Rússia à Ucrânia. O registro que citava uma "política imperialista" americana chegou a ser publicado no Twitter da bancada do partido, mas foi apagado pouco depois.
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