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Planalto tenta dissuadir Bolsonaro de ato em Copacabana no 7 de Setembro

6.ago.2022 - O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante discurso a apoiadores no Recife Imagem: Reprodução

Do UOL, em Brasília e São Paulo

06/08/2022 19h47

Órgãos de inteligência do governo federal tentam dissuadir o presidente Jair Bolsonaro (PL) de promover na orla de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, o desfile militar no feriado de 7 de setembro, data em que será comemorado o bicentenário da Independência do Brasil.

Bolsonaro expôs essa intenção no último dia 30, em São Paulo. Hoje, antes de participar de motociata com apoiadores no Recife, voltou a dizer que irá a Copacabana na data, mas sem citar a presença das Forças Armadas no ato. Segundo apurou o UOL, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) tentam convencer o presidente a recuar da intenção de levar a parada militar a Copacabana, por questões de segurança.

Para as instituições, o desfile deve ser mantido na avenida Presidente Vargas, que é o local tradicional das celebrações do Dia da Independência na capital fluminense.

Bolsonaro afirmou em 30 de julho, na convenção do Republicanos em São Paulo, que faria uma mudança nos planos do 7 de Setembro. Na ocasião, o presidente disse que pretende acompanhar o desfile militar em Brasília durante a manhã e, à tarde, afirmou ter decidido "inovar" e levar a parada para a orla de Copacabana, palco de atos de apoiadores de Bolsonaro.

"Sei que vocês queriam aqui [em São Paulo], mas nós queremos inovar no Rio de Janeiro. Às 16 horas do dia 7 de setembro, pela primeira vez, as nossas Forças Armadas e as nossas irmãs, forças auxiliares, estarão desfilando na praia de Copacabana ao lado do nosso povo", declarou.

O anúncio pegou de surpresa a Prefeitura do Rio, que já vem organizando o desfile no centro da capital. Na última quinta-feira (4), o Diário Oficial do município publicou um edital informando que vai adquirir a estrutura —com custo estimado em R$ 318 mil— para o evento na avenida Presidente Vargas, em torno do Pantheon de Caxias.

Hoje, mais cedo, o prefeito Eduardo Paes (PSD) afirmou, por meio do Twitter, que não recebeu nenhum pedido oficial para que a celebração do bicentenário da Independência seja deslocada para Copacabana. "O evento será organizado onde o Exército solicitou e onde sempre foi feito, na Presidente Vargas", afirmou Paes.

Desde que Bolsonaro criou a expectativa da mudança, o Exército tem estudado ambos os locais como possíveis sedes da manifestação, conforme apurou o UOL. Até o momento, porém, os militares não tomaram uma decisão.

STF pediu explicações

O anúncio de Bolsonaro no final de julho levou a Rede Sustentabilidade a acionar o STF (Supremo Tribunal Federal) para impedir a mudança do local do desfile militar no Rio. Segundo o partido, a medida não é justificável tecnicamente e "tem razão evidente nas vontades político-eleitorais de Jair Bolsonaro, que pretende associar sua candidatura ao apoio institucional das Forças Armadas".

Na última sexta (5), a relatora do caso, ministra Cármen Lúcia, deu cinco dias para Bolsonaro prestar esclarecimentos. "Requisitem-se, com urgência e prioridade, informações ao Presidente da República, a serem prestadas no prazo máximo e improrrogável de cinco dias", despachou.

A organização do desfile militar no Rio é de responsabilidade da prefeitura e do Comando Militar do Leste, que responde pelos estados do Rio, Minas Gerais e Espírito Santo. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, só foi avisado dos planos de Bolsonaro em 29 de julho, um dia antes do anúncio de Bolsonaro na convenção do Republicanos.

Na petição enviada ao Supremo, a Rede acusa o presidente de querer usar as Forças Armadas em benefício próprio. "Tudo indica, portanto, para mais um movimento planejado de confusão entre público e privado, entre ato estatal e ato de campanha eleitoral, que só terá um único beneficiário, Jair Messias Bolsonaro", argumenta a sigla.

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