Primo de Collor, Marco Aurélio vota em Bolsonaro e já esteve em polêmicas
O ministro aposentado do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello disse que votaria em Jair Bolsonaro (PL) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um eventual segundo turno das eleições de outubro deste ano. Ao UOL Entrevista, Marco Aurélio disse não ser bolsonarista, mas afirmou que o atual presidente buscou "dias melhores".
O ex-magistrado se aposentou do Supremo em julho de 2021 e, por isso, hoje fala abertamente sobre suas preferências políticas. No passado, manifestou-se de forma crítica aos governos petistas, mesmo sem declarar seu voto.
Em meio a votos isolados no Supremo e o parentesco com Fernando Collor, veja o histórico de posicionamentos do ex-ministro do STF:
Marco Aurélio Mello declarou voto nestas eleições. Além de afirmar sua preferência para o segundo turno por Bolsonaro, o ex-ministro também declarou em quem pretende votar no primeiro turno. Segundo ele, seu escolhido é Ciro Gomes (PDT).
"Reconheço que ninguém conhece mais o Brasil do que Ciro Gomes. Eles, às vezes, é um pouco açodado na fala, [...], mas, paciência, creio que é um bom perfil.".
Durante a entrevista ao UOL, ele também destacou a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB), dizendo que o país é machista por não considerar que ela pode vir a subir nas pesquisas.
Marco Aurélio passou a ser mais enfático em seus posicionamentos políticos. É raro que ministros do Supremo Tribunal Federal se manifestem politicamente. Suas opiniões costumam ser conhecidas por meio de seus votos em assuntos sensíveis ou por sua atuação antes de ingressar a Corte e após deixá-la.
Ainda que não tenha sido o mais discreto dos magistrados, Marco Aurélio Mello passou a ser mais claro em suas manifestações desde julho do ano passado, quando se aposentou. Logo nos primeiros dias após deixar o colegiado, ele afirmou que o Supremo foi responsável por "ressuscitar" politicamente Lula.
"Eu penso que o ex-presidente já prestou serviços à pátria e que é hora de nós termos a abertura de oportunidades para outros candidatos", opinou na ocasião.
Na sua última sessão do Supremo, Marco Aurélio Mello manifestou apoio aos nomes de André Mendonça, que acabou sendo escolhido, e Augusto Aras para sua vaga na Corte. Tanto Mendonça quanto Aras são nomes ligados ao presidente Jair Bolsonaro, o que fica claro com os votos de André Mendonça no STF.
Em abril deste ano, ele considerou o perdão concedido por Jair Bolsonaro ao deputado federal Daniel Silveira (PTB) como "inconcebível". No mesmo mês, ele criticou Lula pela defesa da revogação da reforma trabalhista e da regulamentação da mídia.
Em 2015, durante a crise política pela qual passava o governo da presidente Dilma Rousseff, o então magistrado afirmou que o país "não tinha governo". Na mesma ocasião, Marco Aurélio também criticou programas sociais como o Bolsa Família, dizendo que eles criaram uma "casta de acomodados".
Durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, ainda em seus primeiros anos no Supremo, Marco Aurélio criticou fortemente o projeto que permitiu a reeleição.
Os posicionamentos de Marco Aurélio no Supremo. Ao longo de seus 31 anos como ministro do STF, Marco Aurélio Mello ficou conhecido por ter posicionamentos únicos, não alinhados a nenhum grupo dentro da Corte. Mello costumava divergir dos colegas nos mais diversos temas e ganhou a alcunha de "o ministro do voto vencido".
Um exemplo marcante desta atuação foi quando em 2018 decidiu de forma monocrática contra a prisão em segunda instância. Sua liminar foi posteriormente derrubada por Dias Toffoli, então presidente da Corte. Suas decisões de soltar o traficante André do Rap, o banqueiro Salvatore Cacciola e o goleiro Bruno Fernandes também desagradaram e foram criticadas.
Marco Aurélio foi indicado ao STF por Collor. O ex-ministro do STF é primo do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), ex-presidente da República que o indicou para ocupar a vaga no Supremo em 1990. Hoje, Collor é aliado de Jair Bolsonaro.
Antes, Marco Aurélio foi advogado e integrante do Ministério Público, cargo que assumiu durante o período da ditadura militar e com anuência do regime. Seu início na magistratura foi no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região. Ele posteriormente foi para o Tribunal Superior do Trabalho, também indicado por militares, e de lá para o STF.
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