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Gabriel Monteiro: Juiz decreta prisão, e ex-vereador se apresenta à polícia

O vereador cassado Gabriel Monteiro (PL) em sessão na Câmara Municipal - Câmara Municipal do Rio de Janeiro
O vereador cassado Gabriel Monteiro (PL) em sessão na Câmara Municipal Imagem: Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Do UOL, no Rio

07/11/2022 17h59Atualizada em 07/11/2022 19h21

O ex-vereador Gabriel Monteiro (PL) teve a prisão preventiva decretada hoje pelo juiz Rudi Baldi Loewenkron, da 34ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. O youtuber e ex-policial militar se apresentou à 77ª DP (Delegacia de Polícia), em Icaraí, bairro de Niterói, onde o mandado de prisão foi cumprido.

Segundo a assessoria de imprensa do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), a prisão é relacionada a um caso de estupro, cujo processo corre em segredo de justiça.

Gabriel Monteiro divulgou um vídeo no início da noite, em sua página no Instagram, afirmando que se apresentou espontaneamente à polícia e que acredita que sua inocência será provada.

"Fiquei sabendo pela minha advogada que foi decretada a minha prisão preventiva por um crime que não fui escutado na delegacia. Respeito as autoridades, por isso que, assim que fiquei sabendo, vim imediatamente me entregar à Justiça, porque acredito que minha inocência será provada."

Segundo informou o jornalista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, o caso teria ocorrido em 15 de julho —pouco mais de um mês antes de ter o mandato cassado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Na ocasião, a vítima conheceu o ex-vereador em uma boate na Barra da Tijuca, na zona oeste carioca, e foi com ele à casa de um amigo no bairro do Joá, na zona sul, segundo relata o jornal.

Ainda de acordo com o colunista, Gabriel constrangeu a vítima a praticar sexo com ele, passando uma arma em seu rosto e dando tapas na sua face.

Perda de mandato e acusações de abuso sexual. Gabriel Monteiro foi cassado na Câmara Municipal em 18 de agosto, quando já era candidato a deputado federal, após uma série de denúncias de estupro e assédio moral e sexual.

Depois de a TV Globo revelar um áudio no qual Monteiro dizia "gostar de novinha", ele teve o apoio de apenas de apenas dois colegas no plenário —48 vereadores votaram favoravelmente à cassação.

No pedido de cassação, o vereador Chico Alencar (PSOL), relator do processo no Conselho de Ética, afirmou que Monteiro praticou "atos incompatíveis com o decoro parlamentar", como gravar e armazenar imagens íntimas de uma adolescente de 15 anos.

Em resumo, as condutas de Gabriel Monteiro que feriram a ética, conforme Alencar descreveu no relatório votado, foram:

  • Filmagem e armazenamento de vídeo em que o mesmo pratica sexo com adolescente;
  • Exposição vexatória de crianças, por meio da divulgação de vídeos manipulados;
  • Exposição vexatória, abuso e violência física contra pessoa em situação de rua;
  • Assédio moral e sexual contra assessores do mandato;
  • Perseguição a vereadores com a finalidade de retaliação ou promoção pessoal;
  • Uso de servidores de seu gabinete parlamentar para a atuação em sua empresa privada;
  • Denúncias contundentes de estupro por quatro mulheres que relatam o mesmo modus operandi.

Antes de ser pivô de um escândalo sexual —que também envolveu denúncias de fraudes em vídeos e uso de pessoal do seu gabinete para obter lucro com seu canal no YouTube—, Gabriel Monteiro era tido como um dos principais puxadores de voto do PL.

Ao menos três ex-assessores de Gabriel Monteiro (PL) relataram que o ex-vereador praticava sexo com menores de idade na presença de seus funcionários e pedia para que as adolescentes mostrassem os seios para eles, segundo relatório apresentado ao Conselho de Ética da Câmara.

Irmã e pai eleitos. Apesar da cassação e investigações, Monteiro conseguiu eleger o pai e a irmã como deputados no Rio de Janeiro.

Gisele Monteiro (PL), irmã de Gabriel, foi eleita para um mandato na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Já Roberto Monteiro (PL) —pai do youtuber— obteve um assento na Câmara dos Deputados.