As determinações do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, para suspender perfis nas redes sociais que espalham notícias falsas sobre o processo eleitoral não são suficientes para conter a desinformação online. A análise é da comentarista do UOL News Mariliz Pereira Jorge.
O Twitter suspendeu ontem a conta do professor Marcos Cintra (União Brasil), ex-candidato a vice-presidente na chapa de Soraya Thronicke, devido à divulgação de informações falsas levantando suspeitas em relação às urnas eletrônicas. O deputado federal bolsonarista Major Vitor Hugo (PL-GO) também teve a conta suspensa por ordem judicial expedida por Moraes.
"Eu fico com a sensação de que tanto o TSE e o STF estão sempre correndo atrás do rabo [para combater fake news]", disse Mariliz. "Vimos o que aconteceu na eleição em 2018 e tivemos quatro anos para chegar numa eleição bem diferente. Isso acaba dando espaço para que esse tipo de ação do Alexandre de Moraes seja contestada."
Segundo a comentarista, a atuação de pessoas como Marcos Cintra nas redes sociais é criminosa e precisa ser investigada.
"Só o fato de banir a presença nas redes sociais não vai resolver o problema que estamos vivendo de fake news há muitos anos. Precisamos de uma legislação adequada e que as redes tenham mais responsabilidade no espaço que dão para esse tipo de mensagem", afirmou a jornalista.
"Precisamos de algo mais concreto para combater a máquina construída desde antes de 2018 e que continua a toda. Enquanto discutimos isso, os grupos bolsonaristas vivem uma realidade paralela de distopia que não tem nada a ver com o mundo real", acrescentou Mariliz.
Tales Faria: Brigas entre bolsonaristas estão só começando a explodir
Repercutindo a matéria da colunista Juliana Dal Piva sobre as brigas do clã Bolsonaro durante a campanha eleitoral, o colunista Tales Faria avaliou que os atritos entre os bolsonaristas devem continuar.
"O que está por trás disso tudo é a questão do poder", resumiu Tales. "Quando a Michelle fez aquele primeiro discurso no ato do PL, eu já disse que ela tinha um projeto de poder. A Damares foi indicação dela para ser candidata ao Senado e venceu atropelando a candidata que Bolsonaro tinha anunciado, a Flávia Arruda", destacou.
"A Damares está no Republicanos, que é o partido mais ligado à igreja evangélica. Em São Paulo, o Tarcísio foi para o Republicanos e não para o PL porque também não se dava com o Valdemar Costa Neto (presidente do partido). A própria Michelle não gosta do Valdemar", continuou Tales. "Isso tem uma briga de poder que vai explodir."
Tales Faria: Ala do PT é contra PEC por medo de 'ficar nas mãos' de Lira
Apuração do colunista Tales Faria mostra que integrantes do PT divergem sobre a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, aposta do presidente eleito Lula (PT) para cumprir as promessas de campanha, incluindo a continuidade do Auxílio Brasil no valor de R$ 600.
"Eu ouvi hoje algumas figuras proeminentes dentro do PT e não é unânime essa história de ir na PEC. Mas, como nessa semana o Lula vai se encontrar com o presidente da Câmara, Arthur Lira, a ideia é não confrontar o chefão do Centrão no Congresso", disse Tales.
"O PT decidiu ontem dar prioridade à PEC para evitar confrontar, mas ainda é forte no partido o medo de ficar na mão de Lira, portanto, seria melhor uma MP (Medida Provisória)", continuou.
"A MP teve aval de uma comissão técnica do TCU, mas há dúvidas sobre se há risco ou não de se fazer gastos extraordinário via MP — já que isso depois pode dar margem para algum pedido de impeachment e o presidente Lula ficar na mão de Arthur Lira", afirmou o colunista.
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(*Com informações de Estadão Conteúdo)
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