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Ministros de Lula: Quem já trabalhou com o petista e quais entram agora

Fernando Haddad e Simone Tebet são ministros do governo Lula - 29.dez.2022 - Adriano Machado/Reuters
Fernando Haddad e Simone Tebet são ministros do governo Lula Imagem: 29.dez.2022 - Adriano Machado/Reuters

Laís Seguin

Colaboração para o UOL

17/01/2023 04h00

O novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que assumiu a presidência da república pela terceira vez, terá 37 ministérios. É o segundo maior número de pastas desde a redemocratização, em 1985. A ampliação teve como objetivo fortalecer o partido e conquistar uma base aliada no congresso.

Entre os ministros que Lula chamou para integrar a sua gestão inicial e que estarão novamente no trabalho ao lado dele nestes próximos quatro anos. Também há a presença de 31 novos nomes.

Quem retorna ao governo Lula

Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação no governo Lula entre agosto de 2005 e janeiro de 2011, Haddad tem como desafio controlar as contas públicas do país. Antes dele, a pasta foi comandada por Antônio Palocci de 2003 a 2006 e Guido Mantega de 2005 a 2011.

Marina Silva, ministra do Meio Ambiente

Ela já ocupou o cargo nos dois primeiros governos do petista, entre 2003 e 2008. Reconhecida internacionalmente pela defesa da preservação do meio ambiente, em especial da floresta amazônica, Marina será um ativo importante no governo.

Carlos Lupi, ministro da Previdência Social

Ex-ministro do trabalho e emprego entre 2007 e 2011. Carlos Lupi é pedetista, o que traz ao novo governo Lula um ar de frente ampla, já que nas eleições de outubro de 2022 o PDT lançou seu próprio candidato à presidência, Ciro Gomes — que foi adversário do presidente eleito nas urnas.

Alexandre Padilha, secretário das Relações Institucionais

Ex-ministro-chefe da secretaria de relações institucionais entre 2009 e 2010, Padilha é o responsável pela articulação política do governo. Ele deverá trabalhar com Jaques Wagner (PT-BA), provável líder do Governo no Senado, e José Guimarães (PT-CE), provável líder do governo na Câmara.

José Múcio Monteiro, ministro da Defesa

Passou pela pasta entre 2007 e 2009, e também como ministro do Tribunal de Contas da União entre 2009 e 2021. Foi escolhido para ajudar a reconstruir a relação entre as Forças Armadas e o petista. É o primeiro civil no comando da pasta em cinco anos.

Luiz Marinho, ministro do Trabalho

Ministro do trabalho e emprego entre 2005 e 2007, e também da previdência social entre 2007 e 2008. É ligado ao movimento sindical dos metalúrgicos do ABC paulista, do qual Lula participou.

Quem entra no governo Lula

Dos ministérios pré-existentes:

Jorge Messias, procurador da república (Advocacia Geral da União)

Messias foi subchefe de Assuntos Jurídicos na Casa Civil do governo Dilma Rousseff. Também foi procurador do Banco Central e conselheiro fiscal do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), sempre em governos petistas.

Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária

É uma reconhecida liderança no agronegócio do Mato Grosso. Antes dele, assumiram a pasta Roberto Rodrigues, de 2003 a 2006, e Luiz Carlos Guedes Pinto entre 2006 e 2007.

Rui Costa, ministro da Casa Civil

Economista e governador da Bahia pelo PT desde 2015. Foi deputado federal em 2011 e em 2014. A indicação do governador para uma pasta estratégica como a Casa Civil atende aos pedidos da base petista para fortalecer o partido.

Juscelino Filho, ministro das Comunicações

O deputado federal é um dos nomes do União Brasil que irá fazer parte do governo Lula como forma de manter uma base aliada com um partido que até então era oposição a governos petistas. O intuito é tentar formar maioria na Câmara dos Deputados.

Vinícius Carvalho, ministro da Controladoria Geral da União

Ex-presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Já atuou como secretário de Direito Econômico entre 2011 e 2012, e também como especialista em políticas públicas e gestão governamental do governo federal entre 2006 e 2016.

Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia

É vice-governadora de Pernambuco na gestão de Paulo Câmara (PSB) e presidente nacional de seu partido, o PCdoB, aliado histórico dos petistas.

Camilo Santana, ministro da Educação

Ex-governador petista do Ceará entre 2015 e 2022. Integrou o grupo técnico de Desenvolvimento Regional na equipe de transição e era cotado para uma pasta na área.

Gonçalves Dias, ministro do Gabinete de Segurança Institucional

Está há 53 anos no Exército e atuou na segurança pessoal de Lula durante seus dois primeiros mandatos (2003-2010).

Flávio Dino, ministro da Justiça

É considerado um dos principais aliados de Lula no Nordeste. Foi governador do Maranhão eleito e reeleito entre 2014 e 2022, e deputado federal pelo estado por cinco anos, até que assumiu a presidência da Embratur no governo de Dilma Rousseff em 2011.

Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia

É senador da República. Ganhou destaque por ser um dos principais nomes a viabilizar a ampliação do teto de gastos para o atual mandato de Lula e já foi diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no primeiro governo petista.

Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores

Assume o Itamaraty pela segunda vez, a primeira na gestão Lula. Chefiou a pasta no segundo mandato de Dilma Rousseff entre 2015 e 2016. Deixou o cargo após o impeachment da ex-presidente.

Nísia Trindade, ministra da Saúde

É doutora em sociologia e presidente da Fiocruz desde 2017, sendo a primeira mulher nesta posição na história. Ganhou notoriedade durante a pandemia pela criação de uma rede de vigilância e de um observatório interdisciplinar encarregado de pesquisas e sistematização de dados epidemiológicos sobre a circulação do vírus e seus impactos no país.

Paulo Pimenta, secretário de Comunicação Social

É o nome mais poderoso do PT no Rio Grande do Sul. Foi responsável por organizar a campanha presidencial de Lula no Estado.

Márcio Macedo, secretário geral da presidência

É um dos políticos com a maior confiança de Lula. Foi tesoureiro da campanha presidencial vitoriosa neste ano e é um dos vice-presidentes do PT.

Daniela do Waguinho, ministra do Turismo

Deputada federal pelo União Brasil, no Rio de Janeiro. Foi nomeada como forma de promover seu partido como aliado do governo petista. Candidata mais votada por seu estado para o cargo nas eleições de 2022.

Dos ministérios que voltam a existir:

Jader Filho, ministro das Cidades

É empresário do ramo das comunicações, filho do senador Jader Barbalho e irmão do governador do Pará, Helder Barbalho. Foi indicado pela bancada do MDB na Câmara para fortalecer o partido.

Margareth Menezes, ministra da Cultura

Cantora e compositora. Coleciona em sua carreira dez álbuns gravados e indicações ao Grammy Latino. Foi integrante do grupo de trabalho da Cultura do governo de transição. Também criou, em 2004, a Fábrica Cultural, organização que promove ações sociais para crianças e jovens carentes.

Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário

É uma indicação do PT. Já foi líder do partido na Câmara de 2011 a 2012 e vice-líder do governo de 2015 a 2016. Atualmente é secretário geral petista. Em 2022, foi um dos articuladores da candidatura de Lula.

Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Ex-governador do Estado de São Paulo por quatro mandatos e atual vice-presidente da república. Assume o ministério com a missão de tocar o que tem chamado, desde as eleições, de "agenda de competitividade". Foi o coordenador da equipe de transição no atual governo.

Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

É um dos petistas que Lula mais confia. Foi um dos principais articuladores da PEC (proposta de emenda à Constituição) que o Congresso Nacional aprovou para permitir o furo no teto de gastos para cumprir promessas de campanha em 2023.

Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos

É participante ativo do debate racial e das políticas em favor da diversidade no Brasil. Autor do livro "Racismo Estrutural", um dos mais importantes estudos sobre raça e racismo. Integrou a equipe técnica dos Direitos Humanos na transição.

Ana Moser, ministra do Esporte

Medalhista olímpica e mundial. Jogou como atleta profissional do vôlei por 15 anos. Como ponteira, fez parte do time que ganhou a 1ª medalha olímpica do esporte para o Brasil. Em 2001, fundou o Instituto Esporte e Educação, do qual é presidente há 20 anos.

Waldez Góez, ministro da Integração Nacional

Foi indicado pela bancada para assumir um ministério caso o União Brasil aderisse ao governo Lula, apesar de ser filiado ao PDT. Antes dele, Ciro Gomes assumiu a pasta de 2003 a 2006 e Pedro Brito entre 2006 e 2007.

Cida Gonçalves, ministra da Mulher

Trabalha como consultora em políticas públicas em gênero, raça e etnia. Na vida pública, foi secretária nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres nos governos Lula e Dilma Rousseff.

André de Paula, ministro da Pesca

Deputado por Pernambuco e presidente do PSD no Estado. Foi indicado para o ministério por conta de sua vinculação com o partido, na tentativa de o PT ampliar sua base governista a partir de 2023.

Simone Tebet, ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão

É senadora pelo Mato Grosso do Sul e ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2022. Terá como desafios combinar sua visão liberal com a política econômica do novo governo petista. A escolha por Tebet sinalizou ao mercado que Lula pode ter alguma disposição em dialogar com quem tem visões econômicas diferentes da sua.

Renan Filho, ministro dos Transportes

Governou Alagoas por dois mandatos (2015-2022). Era o nome favorito a ser indicado pela bancada do MDB no senado para compor o governo Lula.

Dos ministérios inéditos na história do Brasil:

Esther Dweck, ministra de Gestão e Inovação

É professora de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Durante o primeiro governo de Dilma Rousseff, foi chefe da assessoria econômica do Ministério de Planejamento e Gestão. De 2015 a 2016, atuou como secretária de Orçamento Federal. Sua experiência na área tem ênfase em crescimento e desenvolvimento.

Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial

Irmã de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018. Integrou o grupo técnico de Mulheres na transição. É mestre em relações étnico-raciais pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca.

Márcio França, ministro dos Portos e Aeroportos

Ex-governador de São Paulo. No governo de transição, fez parte do grupo de trabalho das Cidades. Começou a carreira em São Vicente, no litoral do estado, cidade conhecida por estar na baixada santista, onde há um dos principais portos do Brasil.

Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas

Indígena maranhense, coordenadora da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil). Em maio de 2022, entrou na lista das 100 pessoas mais influentes da revista Time. É deputada federal por São Paulo.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que informava a primeira versão do texto, Sonia Guajajara foi eleita por São Paulo, e não pelo Maranhão. O texto foi corrigido.