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Lula diz que Bolsonaro preferiu motociata e abandonou ianomâmis: 'Desumano'

Do UOL, em Brasília

21/01/2023 13h49Atualizada em 21/01/2023 19h59

Em visita à população Ianomâmi em Roraima, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por priorizar as motociatas e ter "abandonado" os ianomâmis.

É desumano o que eu vi aqui. Sinceramente, se o presidente que deixou a Presidência esses dias em vez de fazer tanta motociata tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe esse povo não tivesse tão abandonado como está Lula, presidente da República

Lula disse que priorizará o atendimento à saúde e transporte público para população. "A primeira coisa que nós vamos ter que fazer é garantir transporte", afirmou.

Garimpo ilegal. O presidente prometeu "levar muito a sério" o combate ao garimpo ilegal, que prejudica a vida dos ianomâmis na região. "Nós vamos levar muito a serio essa história de acabar com garimpo ilegal. E mesmo que seja uma terra que tenha autorização da agência para fazer pesquisa, eles podem fazer pesquisa sem destruir a água, sem destruir a floresta, sem colocar em risco a vida das pessoas que dependem da água para sobreviver".

Força-tarefa. A partir de segunda-feira, servidores do Sistema Único de Saúde chegam à região para iniciar uma força-tarefa de atendimento à população, segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade. A ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara, também esteve ao lado de Lula e Trindade.

Comitê de crise. O Ministério da Saúde decretou estado de emergência para combater a falta de assistência sanitária que atinge os ianomâmis. Por meio de um Centro de Operações de Emergências, o ministério quer "planejar, organizar, coordenar e controlar as medidas a serem empregadas".

O comitê será formado por representantes dos ministérios dos Povos Indígenas, da Saúde, da Justiça e Desenvolvimento Social, "para dar conta do problema de desnutrição, fome, saúde, muito grave nessa região", segundo Dias. Também dão apoio a Funai (Fundação Nacional do Povos Indígenas) e a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena).

Crise sanitária e humanitária. 570 crianças ianomâmis morreram por contaminação por mercúrio, desnutrição e fome, "devido ao impacto das atividades de garimpo ilegal na região", segundo a pasta dos Povos Indígenas.

Em conjunto com Saúde, a pasta "irá decretar crise sanitária e humanitária, enquanto o Governo Federal decretará o estado de calamidade pública".

Na quarta-feira, o Ministério da Saúde enviou uma equipe para Roraima para elaborar um diagnóstico sobre a população da área.

Nos últimos anos, a população Yanomami passou por desassistência e dificuldade de acesso aos atendimentos de saúde. Casos de desnutrição e insegurança alimentar, principalmente entre as mais de 5 mil crianças da região, foram registrados. Profissionais de saúde relatam falta de segurança e vulnerabilidade para continuar os atendimentos, dificultando ainda mais a assistência médica aos indígenas."
Ministério da Saúde

A região é palco de confrontos violentos e frequentes entre garimpeiros e os indígenas, além de denúncias de negligência do governo do Estado e da antiga gestão Bolsonaro.