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Anderson Torres perdeu celular porque estava 'atormentado', diz advogado

10.nov.2022 - O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, preso hoje pela PF - Tom Costa / MJSP
10.nov.2022 - O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, preso hoje pela PF Imagem: Tom Costa / MJSP

Colaboração para o UOL, em Salvador

02/02/2023 22h49Atualizada em 02/02/2023 22h49

Em entrevista à CNN Brasil, o advogado Rodrigo Roca afirmou que o ex-secretário da Segurança Pública do Distrito Federal não trouxe o celular para o Brasil após o pedido de prisão pela "correria" para voltar ao país e prestar esclarecimentos.

Anderson Torres, também ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, foi preso assim que chegou em Brasília, no dia 14 de janeiro, por suposta leniência em relação aos atos golpistas do dia 8 daquele mês. Ele prestou depoimento à PF (Polícia Federal) hoje.

Ele estava nos EUA numa viagem de família, teve a notícia de uma ordem de prisão, precisou se deslocar para driblar a imprensa e não ser mais exposto do que o necessário e desligou o celular. E nessa correria, troca de aeroporto, foi para Miami para embarcar de lá. O clima era de desespero. Ele estava atormentado, preocupado, com a mente completamente atabalhoada, então se perdeu o celular Rodrigo Roca, advogado de Anderson Torres

O advogado afirma que a perda do celular não prejudica as investigações, já que Torres está disposto a fornecer as senhas da "nuvem" - armazenamento de dados virtualmente - aos investigadores.

As informações dele já foram, hoje mesmo, franqueadas [entregues] à polícia, à Justiça, enfim. O que está na 'nuvem' ele disse que vai fornecer as senhas, tudo o que for necessário. Franqueou os seus sigilos bancários, fiscal, telefônico, telemático. Disse que, se necessário, entrega seu passaporte

Relatório

Durante a entrevista, o advogado Rodrigo Roca ainda rebateu que tenha ocorrido falta de planejamento para evitar os atos. Ele afirma que Anderson Torres adotou as medidas que seriam cabíveis e que aparecem no relatório produzido pelo interventor federal após os atos golpistas.

A única discrepância que se pode levantar entre o depoimento de um e o relatório de outro é a questão da viagem, que acabou virando outra falácia. Uma viagem programada havia 6 meses para período de férias com a família para os EUA e com todos avisados

Porém, o relatório produzido pelo interventor Ricardo Cappelli mostra que a Polícia Militar do Distrito Federal não elaborou um plano operacional para conter os golpistas que atacaram as sedes dos Três Poderes. O documento destaca que havia apenas um Plano de Ações Integradas, elaborado pela Secretaria de Segurança Pública, sem destacar ações para batalhões de choque da polícia.

O documento corrobora a versão apresentada pelo ex-número 2 da Segurança Pública Fernando de Sousa Oliveira, que disse à PF que Anderson Torres deixou o país sem lhe repassar "diretriz" nem o apresentar aos comandantes das forças policiais.

"Não havia com o quê se preocupar porque até o momento de sua partida não havia notícia de qualquer possibilidade de manifestação violenta, agressiva. Não eram esses os dados trazidos pelos setores de inteligência das forças de segurança do DF", justificou o advogado de Torres.