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Vereadora negra denuncia racismo após defender parlamentar cassada em SC

A vereadora Ana Lúcia Martins é a primeira vereadora negra de Joinville - Divulgação
A vereadora Ana Lúcia Martins é a primeira vereadora negra de Joinville Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

05/02/2023 16h05

Primeira parlamentar negra de Joinville, a vereadora Ana Lúcia Martins (PT) denunciou hoje à polícia ter sofrido ameaças de morte e ataques racistas após sair em defesa da ex-vereadora de São Miguel do Oeste (SC) Maria Tereza Capra (PT), cujo mandato foi cassado ontem após denunciar suposta saudação nazista de bolsonaristas que acamparam em frente ao quartel da cidade.

De acordo com Ana Lúcia, as ofensas e ameaças foram enviadas por e-mail depois de sua manifestação contra a cassação de Capra. Ela relatou o episódio ao Ministério Público e registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal, onde a vereadora estava quando recebeu os e-mails.

"Fiz um B.O registrando a ameaça de morte e as manifestações racistas que eu recebi através de um e-mail", disse ela em um vídeo no Instagram (abaixo). "Vamos aguardar que as apurações cheguem ao autor desse crime."

De acordo com a vereadora, os ataques partiram de um e-mail em nome da Presidência da Câmara Municipal de São Miguel do Oeste. O UOL procurou o presidente e vice-presidente da Casa, mas não recebeu resposta até esta publicação.

Vereadora cassada

Já Maria Tereza Capra foi cassada na madrugada de ontem em um processo de quebra de decoro por denunciar uma suposta saudação nazista em frente à base do exército da cidade em 2 de novembro de 2022.

Foram 10 votos a favor e apenas um contra, o da própria vereadora, no relatório da Comissão de Inquérito que havia dado parecer pela cassação.

Segundo a acusação, a parlamentar propagou notícias falsas e atribuiu aos cidadãos de São Miguel do Oeste o crime de saudar o nazismo.

Em sua defesa, a vereadora disse recebe ameaças desde novembro e criticou a moção de repúdio feita pelos vereadores no dia seguinte às supostas manifestações nazistas.

"É no Parlamento onde é possível equilibrar as forças de representatividade da mulher. Aqui estão 11 homens, uma mulher ausente e uma vereadora que vai ser cassada", disse ela no plenário.