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Governo estima saída de 80% dos garimpeiros de terra yanomami nesta semana

Garimpo ilegal dentro da terra indígena Yanomami, em Roraima, em 2020 - Chico Batata - 2020/Greenpeace
Garimpo ilegal dentro da terra indígena Yanomami, em Roraima, em 2020 Imagem: Chico Batata - 2020/Greenpeace

Do UOL, em Brasília

06/02/2023 11h47Atualizada em 06/02/2023 17h31

O ministro da Justiça, Flávio Dino, confirmou hoje que garimpeiros têm saído da terra yanomami em Roraima, mas que o governo está investigando os financiadores dessa atividade ilegal. O governo Lula (PT) avalia que existam ao menos 15 mil garimpeiros ilegais no local, mas o número pode chegar a 40 mil.

Há monitoramento, sim, deste fluxo de saída. Nossa previsão é de que esse fluxo aumente nos próximos dias, ou seja, que mais pessoas saiam. Nós estamos na expectativa de que, quando do início das ações policiais coercitivas, já tenhamos pelo menos 80% deste contingente de 15 mil pessoas que saíram do território yanomami desde a semana passada e ao longo dessa semana.
Flávio Dino, ministro da Justiça

Dino chamou a situação de "afastamento compulsório" e disse que as ações da pasta estarão voltadas à apreensão e destruição de equipamentos e de pistas clandestinas de pouso de aeronaves.

Segundo ministro, a ação "pode envolver a prisão em flagrante" de pessoas.

Reforço em segurança com Força Nacional. O ministro disse hoje que determinou o deslocamento de cem agentes da Força Nacional para Roraima com objetivo de proteger bases da Funai e postos de saúde em meio à crise humanitária da população yanomami.

Segundo o ministro, o pedido foi atendido hoje. A requisição foi feita pela própria Funai e pelo Ministério dos Povos Originários.

Nesta semana, as operações para retirada do garimpo ilegal em terras yanomamis contarão com presença do efetivo da Polícia Federal, Força Nacional e apoio logístico das Forças Armadas.

"Determinei hoje o deslocamento de mais cem integrantes da Força Nacional entre hoje e amanhã chegando no estado de Roraima para fortalecer a segurança das bases da Funai e também os postos de saúde", disse Dino em coletiva de imprensa.

O ministro explicou que as ações na região, atualmente, estão em fase de transição para a segunda etapa. "Teremos a atuação da Polícia Federal com apoio logístico das Forças Armadas para efetuar a desintrusão", disse.

A primeira etapa da operação foi focada em atendimento de saúde à população local. Há ações de atendimento médico coordenadas com ministério da Saúde, dos Povos Originários e Direitos Humanos e Cidadania.

Na semana passada, 40 voluntários da Força Nacional do SUS desembarcaram na região para estancar a crise humanitária da população yanomami. Entre os profissionais estão nutricionistas, farmacêuticos, assistentes sociais, médicos e enfermeiros.

O governo Lula também editou um decreto autorizando a Aeronáutica a controlar o espaço aéreo sobre o território indígena Yanomami.

Crise social. Garimpeiros e mulheres que foram para o garimpo cozinhar ou se prostituir gravaram vários vídeos pedindo socorro às autoridades para saírem da região, com o bloqueio aéreo e a expectativa de uma grande operação na Terra Indígena Yanomami.

Em um vídeo, garimpeiros relataram caminhadas de 30 dias pela floresta e barcos lotados para deixar a área indígena e chegar a alguma região urbana. Muitos doentes e mulheres continuam no garimpo sem ter como sair.