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Como será a tropa de choque bolsonarista contra o governo Lula na Câmara

Bolsonaristas protestam contra governo Lula em dia de posse na Câmara - Reprodução/Instagram/Eduardo Bolsonaro
Bolsonaristas protestam contra governo Lula em dia de posse na Câmara Imagem: Reprodução/Instagram/Eduardo Bolsonaro

Do UOL, em Brasília

09/02/2023 04h04

Nas primeiras semanas de trabalho no Congresso Nacional, figuras emblemáticas do ex-governo de Jair Bolsonaro (PL) buscam espaços estratégicos para atestar a resiliência do bolsonarismo. Principal ala da oposição ao governo Lula (PT), a tropa de choque bolsonarista se organiza para fiscalizar a gestão petista.

Parlamentares já mobilizam assessores para fazer um pente fino nas decisões do Executivo. No entanto, a estratégia ainda é pouco propositiva — o que se sabe, até o momento, é que o grupo pretende usar os espaços no plenário e nas comissões da Câmara para criticar Lula e aliados.

O segundo vice-presidente da Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse que só no gabinete da liderança do PL já são esperados que mais de 10 assessores sejam direcionados para o trabalho de fiscalização. Em seu gabinete, também terão até três funcionários responsáveis por estudar as decisões de Lula.

Eduardo e Jordy comandarão 'tropa' na Câmara

Mais do que propor e apresentar projetos de interesse dessa área ideológica, o principal objetivo é ter voz ativa para criticar o atual governo. Um exemplo disso é que a parte bolsonarista do PL não deve entrar na disputa pelo cargo de relator do Orçamento 2024, na CMO, a qual o partido terá direito.

Os postos de liderança da Minoria e Oposição ficarão com bolsonaristas expoentes: Eduardo Bolsonaro (SP), filho do ex-presidente, e o deputado Carlos Jordy (RJ), respectivamente. Essas posições dão a eles espaço no colegiado de líderes, grupo que discute as pautas da Câmara com Arthur Lira (PP-AL), mais tempo de debate no plenário, além de cargos.

O UOL apurou que a escolha do nome de Eduardo para a Minoria ocorreu por conta do número de cargos — o gabinete tem direito a 10 indicações, enquanto a oposição, a apenas quatro. Com a liderança, Eduardo também terá direito a apresentar destaques - sugestões de alterações em projetos — que podem ir a voto.

Jordy, por sua vez, já se movimenta para negociar com Lira mais cargos para a oposição. Ele pretende usar a voz que terá para tentar barrar pretensões do governo Lula, como a possibilidade de empréstimos, via BNDES, para países aliados.

O posto de Jordy era cobiçado ainda pela deputada Carla Zambelli (SP), mas segundo fontes do PL, não haveria apoio interno para a indicação dela, após o episódio em que a parlamentar sacou uma arma e ameaçou um homem no centro de São Paulo.

Reformas, pautas ideológicas e CPMI: os planos bolsonaristas

Se uma ala da oposição espera se colocar contrária ao Executivo a todo custo, outra parte do grupo fala em "oposição racional" contra o governo petista.

Em pautas econômicas, por exemplo, como a reforma tributária — prioridade de Lula no Congresso neste primeiro semestre — deputados bolsonaristas do PL avaliam que podem votar favoravelmente, a depender do que tratar o texto. É o caso do deputado Filipe Barros (PL-PR), aliado de Bolsonaro.

Temos uma responsabilidade imediata com o Brasil, que é fazer uma oposição racional a tudo aquilo que o PT tem feito. Deputado Filipe Barros

Ao UOL, o deputado afirmou que em algumas bandeiras, sobretudo as ideológicas, o grupo será automaticamente contrário ao dos petistas.

Apesar de não ter pautas de oposição propositivas, a prioridade do grupo é emplacar uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos golpistas de 8 de janeiro.

Jordy tem feito a força-tarefa na Câmara enquanto o senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Bolsonaro, seria o responsável por fazer o mesmo no Senado. O governo Lula é contra a abertura da investigação.