Quem é Luiz Fernando Corrêa, indicado por Lula para comandar a Abin
O presidente Lula indicou oficialmente hoje Luiz Fernando Corrêa para assumir o cargo de diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
A indicação ainda precisar ser analisada pelo Senado. Ela ocorre um dia após Lula transferir a Abin do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) para a Casa Civil.
Quem é o escolhido?
Corrêa é delegado federal aposentado e foi diretor-geral da PF no segundo mandato de Lula (2007-2010). Na primeira gestão do petista, quando a Força Nacional foi criada, exerceu o cargo de secretário nacional de Segurança Pública.
Ele também foi responsável pela segurança das Olimpíadas de 2016, disputadas no Rio. Corrêa deixou o cargo por um curto período, em 2012, após ter sido alvo de uma ação do MPF por suspeitas de irregularidades nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio, cuja segurança ele também coordenou. Após o arquivamento da ação, ele reassumiu a função.
Corrêa dirigiu a PF em um de seus momentos mais conturbados. A corporação foi criticada e questionada por membros do Judiciário e do governo por supostos excessos, como os que teriam ocorrido na Operação Satiagraha, em 2008, que prendeu, entre outros, o banqueiro Daniel Dantas.
Na época, ele negou que o país estivesse em um Estado policialesco. "Querem me colocar no campo da bandalheira, tentam minar a boa imagem que a PF tem com a sociedade", disse em entrevista à Folha.
Temos uma polícia que passou a ser discutida quando prendeu determinados tipos de pessoas. (...) Estamos apanhando por trabalhar bem
Luiz Fernando Corrêa, em entrevista a Folha em setembro 2008
Corrêa também reclamou das pressões que a PF sofria contra o combate a crimes financeiros. Em 2009, ele contestou as críticas à Operação Castelo de Areia, que prendeu a cúpula da construtora Camargo Corrêa e negou que a corporação estivesse agindo de forma partidária. "Estão tentando demonizar a Polícia Federal", disse ao jornal O Globo.
Abin nas mãos da Casa Civil
As mudanças na Abin vêm quase dois meses após os atos golpistas de 8 de janeiro. A agência é responsável pelo serviço de inteligência do país e deixou de estar sob o guarda-chuva de órgão comandado por um militar.
Integrantes da equipe de Lula ficaram incomodados com a militarização da agência durante o governo Bolsonaro. O principal diretor do órgão foi Alexandre Ramagem, amigo da família do ex-presidente.
Alessandro Moretti foi nomeado para diretor-adjunto da agência hoje. O delegado, que foi diretor de Inteligência Policial da PF no governo Bolsonaro, será o responsável pelo órgão até que o Senado analise o nome de Corrêa.
Alertas feitos pela agência foram ignorados
A Abin mencionou risco de "ações violentas" e de "ocupações de prédios públicos" nos atos de janeiro, mas não houve providências. Um relatório de março de 2020 apontou que Bolsonaro teria sido alertado sobre os riscos do coronavírus.
A Abin foi usada por Bolsonaro para levantar suspeitas contra a segurança das urnas, segundo investigação da PF. Nunca houve comprovação de fraude nas eleições com o uso dos equipamentos. Um inquérito da PF também apontou para a agência atuando para atrapalhar investigações sobre Jair Renan, filho do ex-presidente.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.