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Abin teria alertado Bolsonaro sobre 5.571 mortes por coronavírus, diz site

20.mar.2020 - De máscara, presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participa de videoconferência com empresários - Isac Nóbrega/PR
20.mar.2020 - De máscara, presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participa de videoconferência com empresários Imagem: Isac Nóbrega/PR

Do UOL, em São Paulo

25/03/2020 08h27Atualizada em 25/03/2020 10h58

Um relatório da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) aponta que o novo coronavírus poderá chegar a 207.435 casos no país e causar a morte de até 5.571 pessoas em duas semanas, até 6 de abril. As informações são do site The Intercept Brasil, que teve acesso ao documento sigiloso.

Segundo o Intercept, o relatório é datado da última segunda-feira (23), às 22h10, e teria sido enviado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ontem, em pronunciamento em rede nacional, Bolsonaro criticou governadores e prefeitos por fecharem escolas e o comércio para evitar a propagação do coronavírus.

A projeção de 5.571 mortes leva em conta a evolução de casos oficiais e mortes causadas pelo coronavírus na China, Itália e Irã, países que estão entre os mais afetados pela pandemia.

Em um cenário menos pessimista, a Abin projeta 71.735 casos e 2.062 mortes até 6 de abril, considerando a evolução da pandemia na Alemanha e na França, países que adotaram medidas restritivas com mais rapidez para enfrentar a crise.

Essas projeções são feitas diariamente pela Abin e a partir dos dados divulgados pelo Ministério da Saúde e podem variar bastante de um dia para o outro. Segundo o site, o relatório anterior, do último domingo (22) projetava 8.621 mortes até 5 de abril no pior cenário.

O UOL enviou e-mail à assessoria de imprensa da Abin às 8h35 de hoje questionando sobre a veracidade do relatório, mas ainda não teve resposta.

Medidas de contenção

O relatório também analisa dados de outros países apontando que o avanço do coronavírus foi freado e os casos começaram a diminuir após a adoção de medidas restritivas. "Coreia do Sul, Irã e China conseguiram mudar a direção da reta, provavelmente depois da adoção de medidas de contenção", diz o documento.

No caso da China, o relatório afirma que o país conseguiu diminuir a taxa de crescimento dos casos cerca de 10 a 15 dias depois da adoção de medidas de contenção, inclusive com "lockout" (fechamento da entrada e saída de pessoas) em municípios e províncias.

"A partir desse período o número de casos novos parou de crescer na mesma taxa e o número de casos ativos começou a reduzir em função da melhora dos pacientes mais antigos", diz a Abin no relatório.

Porém, a adoção do isolamento imposto em cidades brasileiras vem sendo alvo de críticas de Bolsonaro, que defende o fim da quarentena e a volta das pessoas ao trabalho para evitar problemas na economia.