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Após prisão, Mauro Cid depõe na PF e é orientado a ficar em silêncio

18.jun.2019 - Mauro Cid, então ajudante de ordens, conversa com Bolsonaro após uma reunião no Palácio do Planalto - 18.jun.2019 - Adriano Machado/Reuters
18.jun.2019 - Mauro Cid, então ajudante de ordens, conversa com Bolsonaro após uma reunião no Palácio do Planalto Imagem: 18.jun.2019 - Adriano Machado/Reuters

Do UOL, em Brasília

03/05/2023 13h04Atualizada em 03/05/2023 18h52

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi aconselhado a ficar em silêncio durante o depoimento que ainda presta no fim desta manhã na Polícia Federal. A recomendação é que ele não fale nada até sua defesa ter acesso aos autos da investigação.

O que acontece com Cid?

O militar foi preso hoje, durante operação que mirou suposta inclusão de dados falsos sobre vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
Cid está prestando depoimento à Polícia Federal e deve ser conduzido em seguida para cumprir a prisão preventiva.
Por ser militar da ativa, Cid tem a prerrogativa de ser preso em um quartel do Exército, e não em um presídio comum.
Cid também tem direito a uma Sala de Estado Maior, um tipo de cela que não possui grades, por exemplo.
O ex-ministro Anderson Torres, delegado da PF, está em uma Sala de Estado Maior.

Investigação mira crimes comuns

Apesar de ser militar da ativa, o tenente-coronel é investigado por crimes comuns e, por isso, a ordem partiu da Justiça comum, e não da Justiça Militar.
No caso, a decisão que autorizou a prisão de Cid foi assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, uma vez que o caso tem ligação com o inquérito das milícias digitais, sob relatoria do magistrado.
Mauro Cid foi preso em casa, em uma vila militar, mas o fato de ser uma unidade militar não influenciaria ou impediria a prisão, segundo o UOL apurou.

Bolsonaro não vai depor hoje

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) informou à Polícia Federal que ele não deve comparecer hoje ao depoimento.

Mais cedo, o ex-presidente e a ex-primeira-dama, Michelle, foram alvos de buscas e apreensões. O celular de Bolsonaro foi levado pelos agentes.

Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação de Bolsonaro, que também é advogado, foi à PF para ter acesso aos autos.


Uma reunião de emergência está sendo conduzida entre Bolsonaro, seus advogados, assessores e aliados próximos na sede do PL. O encontro busca discutir os próximos passos da defesa.

O ex-candidato à vice-presidência Braga Netto também participa do encontro.

Bolsonaro nega adulteração

"Não existe adulteração. Eu não tomei a vacina e ponto final. Nunca neguei isso", afirmou o ex-presidente à emissora CNN Brasil, na porta de sua residência, em Brasília. Para Bolsonaro, a operação da PF é tentativa de "criar um fato".

Segundo o ex-presidente, apenas a esposa, Michelle, foi vacinada contra covid. "Não tomei a vacina após ler a bula da Pfizer. Minha esposa foi vacinada em 2021, nos Estados Unidos, com a Janssen, e minha filha Laura, de 12 anos, também não tomou vacina."

"Se eu tivesse que entrar [nos EUA] e apresentasse cartão, vocês estariam sabendo", disse o ex-presidente aos repórteres.

"Meu celular foi levado, o da Michelle, eu não sei. Meu telefone não tem senha, não tenho nada a esconder sobre nada", declarou.

Defesa diz que ação foi "precipitada". O advogado Marcelo Luís Ávila de Bessa disse que ainda não teve acesso ao inquérito, mas considera que o ato foi "arbitrário".

Operação da PF prende ex-ajudante e mais 5

Além do tenente-coronel Mauro Cid, outras cinco pessoas foram detidas.

PF investiga se cartão de Bolsonaro foi fraudado para entrar nos Estados Unidos. Por isso, houve busca e apreensão na casa do ex-presidente.