Dinheiro saiu da conta de Bolsonaro e valores são 'pífios', diz defesa
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou as transações em dinheiro vivo identificadas pela Polícia Federal envolvendo o tenente-coronel Mauro Cid e a ex-primeira-dama, Michelle. Os depósitos foram revelados pelo colunista Aguirre Talento, do UOL, e baseiam investigação sobre suspeita de rachadinha no Palácio do Planalto.
O que a defesa informou
O advogado Fabio Wajngarten afirmou que os repasses tiveram como origem a conta pessoal de Bolsonaro. Disse que os valores eram pagos em dinheiro em caso de despesas envolvendo "pequenos fornecedores e fornecedores informais".
Os saques eram feitos pelo tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens, por questões de segurança. Segundo a defesa, ele só fazia pagamentos que tinham relação direta com Bolsonaro ou Michelle.
A defesa contratará um perito criminal, para demonstrar que não há "nenhum desajuste entre entradas e saídas de recursos", informou Wajngarten.
Nenhum documento foi apresentado pelos advogados aos jornalistas. Eles disseram que o processo está sob sigilo e não podem divulgar.
Defesa mostrou a cópia de uma planilha com o que seriam os valores dos extratos de saques da conta pessoal do Bolsonaro entre 2019 e 2022.
Uma compra de pizza, uma conta na farmácia, de manicure, uma prestação de serviço pequena... Era pago em dinheiro para que não se expusesse o tomador do serviço, no caso, a primeira-dama, as filhas ou o próprio presidente. Além disso, temos o problema de proteção de segurança em caso de compras de alimentos e supermercados para proteger contra qualquer tipo de ataque ou envenenamento."
Fabio Wajngarten, advogado e assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro
Tenente-coronel Mauro Cid tinha acesso à conta bancária de Bolsonaro para realizar saques. Em relação ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Wajngarten disse que o militar apresentava ao então presidente uma "estimativa de custos" do mês, sacava os valores e fazia os pagamentos por meio do terminal eletrônico do Palácio do Planalto.
Ele mesmo [Mauro Cid] sacava na boca do caixa da conta do presidente. Sempre custos pessoais."
Havia uma contínua preocupação com fraude na conta do presidente, com depósitos escusos. Sempre houve essa preocupação do presidente para protegê-lo de fraudes bancárias."
Fabio Wajngarten, advogado
Valores são pífios, dizem advogados
Em relação aos valores envolvendo os pagamentos feitos para Michelle, a defesa de Bolsonaro classificou os gastos como "pífios".
O que está se falando aqui é sobre transações do dia a dia de manutenção da família do presidente, até porque os valores envolvidos são absolutamente pífios."
Fabio Wajngarten, advogado
Durante fala a jornalistas, o advogado Daniel Tesser, que também defende Bolsonaro, citou uma conversa entre duas assessoras de Michelle: Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva. Elas comentam valores que, ao todo, chegam a R$ 348.
Eles faziam uma contabilidade interna em uma planilha do Excel. Tudo que era pago tinha que ter recibo, porque eles faziam um bate com a conta do presidente para demonstrar para onde vai o dinheiro sacado. Esse livro-caixa existe e será periciado."
Daniel Tesser, advogado de Jair Bolsonaro
PF achou depósito em dinheiro vivo para Michelle
A Polícia Federal apura a suspeita de um esquema de desvio de recursos e rachadinha no Palácio do Planalto sob a gestão Bolsonaro, como mostrou o colunista Aguirre Talento, do UOL.
Investigadores identificaram a realização de depósitos em dinheiro vivo para a então primeira-dama. Os repasses totalizaram R$ 8.600,00.
Os depósitos usavam um método comum nos casos de rachadinha, conforme a investigação. Eram feitos de forma fracionada, em pequenos valores, para impedir o alerta aos órgãos de controle e a identificação de irregularidades.
Como os pagamentos foram em dinheiro vivo, não há a identificação da origem dos valores. O inquérito apura se os pagamentos seriam provenientes do desvio de recursos públicos do Palácio do Planalto.
No sábado (13), o UOL revelou os diálogos de Cid com assessoras de Michelle Bolsonaro, nos quais ele demonstra preocupação com os pagamentos das despesas da então primeira-dama, porque poderiam resultar em acusações de "rachadinha", e orienta para realizar despesas somente em dinheiro vivo.
Em outra reportagem, o UOL revelou que a PF identificou uma empresa com contrato na Codevasf como origem de recursos transferidos a um integrante do Palácio do Planalto responsável pelo pagamento das despesas de Michelle.
A análise também identificou seis comprovantes de depósitos para a primeira-dama Michelle Bolsonaro no período de 8/3/2021 até 12/5/2021, realizados por meio de depósitos fracionados em caixas eletrônicos de autoatendimento e um comprovante de depósito em espécie, possivelmente no atendimento presencial. Os comprovantes foram localizados tanto no grupo de WhatsApp da Ajudância de Ordens da Presidência da República, quanto em trocas de mensagens."
Polícia Federal, em relatório obtido pelo UOL
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