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Cid fica em silêncio em depoimento à PF sobre fraude em cartões de vacina

Aguirre Talento, Carla Araújo e Marina Sabino

Do UOL, em Brasília, e colaboração para o UOL

18/05/2023 14h30Atualizada em 18/05/2023 20h26

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), ficou em silêncio em depoimento à Policia Federal. A defesa do ex-presidente disse ver a decisão como "tecnicamente acertada", embora a expectativa do entorno bolsonarista é que o militar o isentasse da suspeita de participar de um esquema de fraude em certificados de vacina.

O que aconteceu

Cid chegou às 14h20 e deixou o local às 15h sem responder a nenhuma pergunta. Ele iria depor dois dias depois de Bolsonaro, que disse à PF desconhecer o esquema para falsificar dados de vacinação. Afirmou ainda que, se o tenente-coronel arquitetou tudo, foi "à revelia e sem o seu conhecimento".

A defesa de Bolsonaro chamou estratégia de Cid de "perfeita tecnicamente", nas palavras do advogado Fabio Wajngarten. Uma das razões seria o fato de a defesa ainda não ter tido acesso ao conteúdo do celular de Cid, que foi apreendido pela PF.

A decisão de o ex-ajudante de ordens de se calar também foi vista pela defesa de Bolsonaro como sinal de que não há previsão de delação premiada.

O tenente-coronel tem outro depoimento à PF marcado na próxima segunda (22). Ele será questionado no âmbito do inquérito que apura o caso das joias dadas ao governo brasileiro pela Arábia Saudita.

Hoje Flávio Bolsonaro (PL) saiu em defesa do pai e disse que "Cid deve "falar por que fez, se é que fez". Em entrevista ao jornal O Globo, o senador diz não saber se o ex-ajudante de ordens "fez tudo isso sozinho".

Cid chegou à PF acompanhado da Polícia do Exército — foram usados dois carros, num estava o tenente-coronel e em outro, os seguranças. Depois de deixar o prédio da corporação, o ex-assessor de Bolsonaro voltou à prisão militar, onde está detido desde o dia 3.

Entenda o caso

Homem de confiança e espécie de faz-tudo de Bolsonaro durante o seu governo, Cid foi preso em uma operação deflagrada em 3 de maio pela PF com base em diálogos do seu telefone celular, obtidas por meio da quebra de sigilo.

Segundo a PF, há indícios de que o tenente-coronel solicitou a intermediários a obtenção de certificados de vacinação fraudados que teriam beneficiados parentes seus e de Bolsonaro, com o objetivo de realizar viagens ao exterior e driblar as exigências sanitárias.

A polícia fez busca e apreensão no endereço de Bolsonaro e de outros alvos da apuração. Foram apreendidos telefones celulares e documentos para permitir o aprofundamento das investigações nas próximas semanas.