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Juiz da Lava Jato diz que haverá nova investigação sobre grampos de Youssef

Sindicância da PF mostrou que primeiro delator da Operação Lava Jato foi grampeado ilegalmente - Alan Marques/Folhapress
Sindicância da PF mostrou que primeiro delator da Operação Lava Jato foi grampeado ilegalmente Imagem: Alan Marques/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

22/05/2023 15h07Atualizada em 22/05/2023 15h36

O novo juiz da Operação Lava Jato, Eduardo Appio, afirmou que encaminhou hoje para a PF provas de que houve grampos ilegais do ex-doleiro Alberto Youssef e outros presos para a abertura de uma nova investigação.

O que ele disse?

"Autos foram encaminhados hoje para abertura de um novo inquérito policial para investigar tudo que aconteceu, ver se envolve agentes da PF, delegados da PF, da força-tarefa, não interessa, vai ser investigado, esse é o momento", disse em entrevista à GloboNews.

"Isso não é vingança, é acerto de contas com a verdade, não com as pessoas". "Temos dever institucional e burocrático de, cada vez que nos depararmos com ilegalidades na nossa vara, encaminharmos à PGR."

Juiz avaliou que, mesmo se fosse autorizado, o grampo em cela é assunto controverso. "O grampo não teria sido autorizado por Moro, mas ainda se tivesse autorizado, existe polêmica sobre isso", declarou. "A Constituição Federal diz que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo".

Não posso usar a palavra escândalo nesse caso porque provavelmente serei o julgador dessas questões mais à frente, mas são fatos que merecem profunda investigação e, acima de tudo, uma reflexão sobre tudo que aconteceu, prós e contras, no Brasil nos últimos anos --especificamente na 13ª Vara de Curitiba, ironicamente chamada de 'República de Curitiba'.
Eduardo Appio, juiz da 13ª Vara de Curitiba

Lava Jato ouviu presos ilegalmente, mostrou PF

Sindicância da Corregedoria da PF mostrou que a Lava Jato gravou ilegalmente o doleiro Alberto Youssef, primeiro delator da Operação, na época em que ele estava preso na superintendência da Polícia Federal no Paraná, em 2014.

Além de Alberto Youssef, foram grampeados Carlos Alberto Pereira da Costa, Carlos Alexandre de Souza Rocha e Nelma Kodama. Parte das gravações foi apagada, mas o arquivo foi recuperado pela perícia porque estava na lixeira de um computador.

Em 2014, Youssef denunciou que estava sendo grampeado, mas a Lava Jato negou. À época, foi alegado que o grampo estava no local desde o período em que o criminoso Fernandinho Beira-Mar estava detido na PF do Paraná, mas que o aparelho já não funcionava mais.

Youssef quer anular condenações. A defesa do ex-doleiro vai acionar a Justiça para pedir a anulação de sua delação e de suas condenações. Em entrevista, o advogado Antonio Figueiredo Basto argumentou que não sabe se as informações obtidas ilegalmente nos grampos teriam sido usadas contra ele para pressioná-lo a fazer delação.