'Vamos para cima das autoridades', diz Anielle sobre racismo contra Vini Jr
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse que o governo vai notificar as autoridades espanholas após o jogador Vinícius Júnior ser alvo de racismo na partida entre Valencia e Real Madrid.
O que aconteceu:
A ministra diz que o governo brasileiro "vai para cima" das autoridades da Espanha para que o caso seja investigado. "A gente vai notificar através do MP de lá para que La Liga responda pelos seus atos. Não dá para ficar só repudiando numa nota, sem ação concreta".
Ela condenou falas do presidente da La Liga, Javier Tebas, que culpou Vini Júnior pelo caso de racismo.
Anielle diz que articula reuniões com autoridades espanholas e que aguarda confirmação de um encontro com responsáveis por La Liga.
A gente vai para cima das autoridades notificar, oficializar, para que tenhamos uma resposta. O histórico da La Liga não é bom, é um histórico bem racista.
É inadmissível que em 2023 a gente ainda tenha que estar chamando a imprensa para falar sobre racismo. Enquanto houver sangue correndo pelas minhas veias, enquanto eu estiver à frente da pasta, o governo federal e o presidente Lula estará cuidando do povo preto.
Anielle Franco
"Remédio extremo"
O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse estar estudando a aplicação do princípio da "extraterritorialidade" para punir os atos de racismo contra Vini Júnior. "O Código Penal prevê que [...], no casos de crimes contra brasileiros, mesmo no exterior, haja aplicação da lei brasileira", disse ele.
Dino chamou a medida de um "remédio extremo", mas salientou que ela não seria feita "imediatamente". As falas do ministro foram dadas durante um evento do Grupo Lide, em São Paulo.
Esse é um remédio extremo, claro. Mas pode funcionar, pode ser necessário. O Código Penal diz que a iniciativa parte do ministro da Justiça, que pode fazer essa requisição às autoridades brasileiras. Não é algo que iremos fazer imediatamente"
Flavio Dino
Leia a nota conjunta dos ministérios das Relações Exteriores, Igualdade Racial, Justiça, Esporte e Direitos Humanos:
"O governo brasileiro repudia, nos mais fortes termos, os ataques racistas que o atleta brasileiro Vinícius Júnior vem sofrendo reiteradamente na Espanha.
Tendo em conta a gravidade dos fatos e a ocorrência de mais um inadmissível episódio, em jogo realizado ontem, naquele país, o governo brasileiro lamenta profundamente que, até o momento, não tenham sido tomadas providências efetivas para prevenir e evitar a repetição desses atos de racismo. Insta as autoridades governamentais e esportivas da Espanha a tomarem as providências necessárias, a fim de punir os perpetradores e evitar a recorrência desses atos. Apela, igualmente, à FIFA, à Federação Espanhola e à Liga a aplicar as medidas cabíveis.
O governo brasileiro tem atuado em cooperação com o governo da Espanha para coibir, reprimir e promover políticas de igualdade racial e compartilhar conhecimento e boas práticas para ampliar o acesso de pessoas afrodescendentes e imigrantes ao esporte com total intolerância a toda e qualquer prática discriminatória, com o apoio ao aperfeiçoamento das melhores práticas internacionais para promover a prevenção e o combate ao racismo, além de qualquer tipo de discriminação nas diferentes modalidades de esportes."
Entenda
Torcedores do Valencia começaram a gritar "mono" ("macaco" em espanhol) nos momentos em que o brasileiro esteve perto da lateral. O jogo estava nos 15 minutos do segundo tempo.
Cerca de dez minutos após o início dos gritos, o árbitro paralisou a partida depois que os torcedores repetiram o gesto.
O jogo foi interrompido por aproximadamente cinco minutos, e foi necessário que o locutor do estádio pedisse para que os torcedores parassem por risco da partida ser encerrada.
Vinicius Junior começou a discutir com os torcedores do Valencia, e o técnico Carlo Ancelotti chamou o brasileiro no banco de reservas pedindo que ele se acalmasse.
O brasileiro foi expulso após a reação. A partida foi reiniciada pelo árbitro e o Real Madrid perdeu por 1 a 0.
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