Joice diz que ex-assessora tentou extorsão antes de acusá-la de rachadinha

A ex-deputada federal Joice Hasselmann (sem partido-SP) diz ser acusada de rachadinha e assédio moral porque resistiu a uma tentativa de extorsão de uma ex-assessora. Acrescenta que a ex-funcionária e o marido forjaram provas e pediram R$ 300 mil, montante que ela não aceitou pagar. Ela ainda chama o casal de "canalhas, vagabundos e sem-vergonhas".

Não negocio com achacador.
Joice Hasselmann, respondendo a acusação de rachadinha

Juliana Christine Pereira Bejes apresentou ao UOL notas fiscais, documentos bancários, reproduções de mensagens de WhatsApp e informações do sistema de reembolso da cota parlamentar da Câmara dos Deputados. A ex-assessora recebia R$ 13,5 mil por mês e declarou que era obrigada a devolver o dinheiro pagando despesas pessoais de Joice, da filha e do ex-marido dela.

Após a acusação da ex-chefe, Juliana reiterou a denúncia e disse que entregou ao Ministério Público Federal o mesmo material encaminhado ao UOL. "Por que eu ia entregar prova forjada para o Ministério Público e me ferrar depois", questionou a ex-assessora. O MP, por meio de sua assessoria de imprensa, confirmou que recebeu os documentos e analisa se abrirá investigação a partir das acusações de rachadinha e assédio moral.

Joice nega ter cometido qualquer ilegalidade e diz que tudo começou com um processo judicial movido pela revista Veja contra ela. A jornalista e ex-deputada conta que teve parte do salário bloqueado devido à ação. Com medo de bloqueio total dos rendimentos, ela teria passado a encaminhar o dinheiro para o marido de Juliana administrar.

Então o que esses dois sem-vergonhas, vagabundos, fizeram foi uma armadilha próximo da eleição para forjar provas contra mim para tentar me achacar.
Joice Hasselmann, ex-deputada federal, que não conseguiu se reeleger

Dinheiro vivo

As notas fiscais apresentadas são de agosto de 2021, mais de um ano antes da eleição. O UOL ainda pediu extratos bancários das supostas transferências do salário Joice ao marido de Juliana, que também era seu assessor enquanto deputada.

Ela respondeu que não tinha nenhum documento porque entregava dinheiro vivo. O salário bruto de um deputado federal à época era de R$ 33,7 mil. A reportagem ainda pediu os comprovantes de saque com esse valor da conta, mas não recebeu.

Ela também cita dinheiro vivo ao mencionar que guardava uma quantia num cofre do flat em que morava em São Paulo.

Sempre tinha um pouco de dinheiro em casa, guardado no cofre por contas dessas eventualidades. Nada muito alto, coisa de R$ 25 mil, R$ 30 mil, que sempre ficava ali.
Joice Hasselmann, ex-deputada federal

Joice conhecia o casal que viria a ser trabalhar para o gabinete dela desde quando morava em Curitiba e convidou a dupla para ser assessora em sua base eleitoral, em São Paulo.

Quando acabou a eleição e eu perdi a eleição, eles me procuraram, esses dois canalhas, esses dois bandidos, e me pediram dinheiro. Disseram que armaram uma série de provas contra mim e me pediram dinheiro para ficarem calados. Queriam pelo menos R$ 300 mil para irem embora para Curitiba.
Joice acusa casal de ex-funcionários de extorsão

Sobre as denúncias de assédio, a ex-deputada declarou que não tinha relação com Juliana e que falava apenas com o marido dela. Acrescentou que pedia para o flat em São Paulo estar limpo, mas pensando que seria chamada uma faxineira para fazer o serviço. Joice afirmou que nunca solicitou que a ex-assessora limpasse o local.

Mas há mensagens de WhatsApp que mostram Joice e o marido dizendo para Juliana limpar o apartamento e lavar roupa à mão.

Por fim, Joice declarou que as acusações são manobra de algum inimigo político. Disse que vai registrar boletim de ocorrência na polícia e acionar a Justiça contra Juliana e o marido.