CPI: governistas criticam 1º depoimento com contradições de ex-chefe da PRF
Parlamentares da base do presidente Lula (PT) no Congresso criticaram as contradições ditas pelo ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques durante depoimento à CPMI que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele comandou a PRF na gestão de Jair Bolsonaro (PL)
O que aconteceu
Silvinei se contradisse e citou dados errados durante suas falas, e foi confrontado por senadores e deputado federais. Primeiro depoente da comissão, como testemunha, ele deixou o cargo em dezembro e hoje é réu na Justiça por improbidade administrativa devido às blitze da PRF no segundo turno das eleições, sobretudo no Nordeste, conforme revelou o UOL
O ex-diretor da PRF focou ao depor em não se implicar juridicamente e em "sair pela tangente" nas respostas, na avaliação dos parlamentares governistas. A CPMI também aprovou hoje a convocação do general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), do ex-diretor da Abin Saulo Moura da Cunha e do coronel Jean Lawand Júnior.
A relatora da CPI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), confrontou as respostas de Silvinei durante boa parte do depoimento. Em seu Twitter, mostrou-se incomodada com a falta de respostas.
O que disseram os parlamentares
Depoimento contraditório, achei dissimulado nas respostas. Ele veio tentando se fazer de vítima. Muitas vezes diz não conhecer fatos que eram de competência dele. Não deu respostas claras e objetivas, saiu pela tangente."
Erika Hilton (PSOL), deputada federal
Muitas contradições. Fraco demais. Avançaremos nas investigações sobre o depoimento dele."
Jandira Feghali (PCdoB), deputada federal
As imprecisões
Em ao menos quatro oportunidades Silvinei disse informações falsas, conforme apontou a checagem da Agência Lupa.
A principal inconsistência em sua fala em relação aos processos administrativos que ele enfrenta na PRF. No início do depoimento, Silvinei disse não ter sido notificado de processos na Corregedoria que o investigariam. O UOL apurou que há processos administrativos envolvendo o ex-diretor. Procurada, a PRF não se manifestou.
Ao final do depoimento, Silvinei retificou a fala frisando que não havia sido notificado até hoje sobre investigações contra ele, mas não confirmou que os processos não existiriam.
Silvinei também afirmou equivocadamente que, "no Nordeste, junto com o Norte, foi o lugar onde a polícia menos realizou fiscalização [no dia do segundo turno]". Documento interno da corporação obtido pelo UOL apontou que o efetivo extra foi usado principalmente em regiões do Norte e Nordeste, em redutos eleitorais de Lula.
Ex-diretor nega irregularidade
Silvinei disse na CPMI que uma ação coordenada para impedir a votação seria impossível. "Temos 13 mil policiais, grande parte dos nossos policiais também eram eleitores do presidente Lula. Além disso, é um crime impossível, que não ocorreu, não tem como", disse. "Como falaríamos com 13 mil policiais explicando essa forma criminosa sem ter uma conversa de WhatsApp, Telegram, sem uma reunião, sem nenhum email enviado?", questionou.
Para o ex-diretor, não haveria como articular a ação sem vazamentos. "Número grande desses policiais é de ideologia progressista, de esquerda. Será que, desse grande efetivo, nenhum participou ou viu no corredor alguma coisa? Não tem como fazer uma situação dessa, envolver policiais no Acre, Amapá, Rio Grande do Sul sem ter uma simples conversa de corredor.
Quem é o ex-diretor da PRF?
Silvinei assumiu o posto de diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal em abril de 2021, quando o então presidente Bolsonaro deu posse a Anderson Torres no Ministério da Justiça. Nas suas redes sociais, ele aparecia em fotos ao lado de Bolsonaro em eventos do governo com a presença da PRF.
Durante as eleições, ele defendeu o voto no ex-presidente. Nos stories, compartilhou uma foto da bandeira do Brasil e escreveu: "Vote 22, Bolsonaro presidente". A postagem foi apagada horas depois.
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