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Sakamoto: Lula evita crítica externa ao cancelar jantar com ditador saudita

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/06/2023 18h49

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto comentou durante sua participação no UOL News desta sexta-feira (23) sobre o presidente Lula (PT) ter cancelado hoje o jantar com Mohammed bin Salman al Saud, príncipe que deu de presente o kit de joias à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e suspeito de mandar matar o jornalista Jamal Khashoggi.

Apesar das críticas, Sakamoto afirmou que é importante ressaltar que países têm que levar em conta os interesses e manter a relação diplomática.

Uma relação com outros países, inclusive com ditaduras, o presidente Lula vai ter que negociar. Ele conversou com a Venezuela, que é um governo autoritário, vai conversar com uma série de outros governos autoritários, a própria Rússia. Arábia Saudita também tem que conversar, o Brasil tem interesse em todos os países e faz parte esse diálogo".

O colunista do UOL destacou que Lula vem sendo bastante criticado por alguns jornais europeus pelo distanciamento de países do Ocidente e aproximação com outros, como Rússia e China. Por isso, o cancelamento do jantar foi para evitar ainda mais críticas.

Na minha opinião, acho que o Lula fez uma avaliação junto com assessores e concluíram que não ia pegar bem no meio das críticas ir visitar e jantar com o príncipe saudita".

Cultura masculina institucionalizada na diplomacia tem de mudar, diz embaixadora

Irene Vida Gala, embaixadora e presidente da AMDB (Associação das Mulheres Diplomatas do Brasil), afirmou durante sua participação no UOL News que a cultura masculina institucionalizada na diplomacia tem de mudar. Ontem, a entidade manifestou frustração com promessas não cumpridas pelo governo Lula sobre igualdade de gênero.

Essa nota pública que divulgamos traz um tema que foi quase uma gota d'água que transbordou, que foi o crescimento de números para as chefias de missões diplomáticas brasileiras no exterior. Hoje nós tínhamos, no total, 47 novas indicações pelo atual Itamaraty para chefia de missões diplomáticas no exterior. Deste número, são 41 homens e 6 mulheres, o que perfaz 12,7%".

"Para nós, este número é muito frustrante. Nós achamos que era preciso trazer a público este fato", completou.

Bolsonaro ignora inelegibilidade ao falar em candidatura a vereador, diz Sakamoto

Leonardo Sakamoto comentou as declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro, que afirmou em discurso a apoiadores que quer continuar elegível e que pensa em sair candidato para vereador do Rio de Janeiro no ano que vem ou para a presidência em 2026. Para Sakamoto, Bolsonaro ignora a provável inelegibilidade ao falar em candidatura.

A questão de sair vereador ou sair presidente ele está fazendo para jogar para a plateia, porque Bolsonaro, neste momento, já está inelegível. Ele não está de fato porque vai ter o julgamento, mas as provas são muito fortes contra ele".

Sakamoto afirmou que as provas contra Bolsonaro relacionadas à reunião com embaixadores no Palácio do Alvorada para atacar urnas eletrônicas são muito consistentes.

É uma situação bastante difícil e complicada dele sair. Isso soa mais ou menos dado. Bolsonaro vai terminar o mês de junho, a menos que aconteça algo, alguém peça vista, mas, mesmo com vistas, vai ter a maioria de votos na mesa colocando a inelegibilidade de Bolsonaro".

Sakamoto: Mundo mudou, mas Lula é praticamente o mesmo e não está alinhado à Europa

Leonardo Sakamoto comentou a respeito do jornal francês Libération, que estampou Lula em sua capa e chamou o presidente de "decepção" e "falso amigo do Ocidente". Sakamoto destacou que o presidente brasileiro segue a mesma linha de seus dois primeiros mandatos e não está alinhado à chamada Europa Ocidental.

Eles misturaram o francês e português na capa. O que colocam é que a derrota do Bolsonaro trouxe um alívio global, mas também colocam que esperavam que o Lula tivesse um alinhamento maior com o posicionamento da Europa Ocidental, o que a gente convencionalmente chama de Ocidente, com Europa Ocidental e Estados Unidos".

"O pessoal achou que ele ia se alinhar com a UE com relação à posição da Rússia, e o Lula está tentando articular um plano de paz. Então, ele não é um aliado dos europeus no combate à Rússia. Ele está tentando articular e dialogar", completou.

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