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Morte e estupro: Duda Salabert relata ameaças de preso no caso Discord

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/06/2023 20h46Atualizada em 26/06/2023 21h35

A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) disse que ela e sua filha, uma menina de 4 anos, receberam ameaças de morte enviadas por William Maza, 20, um dos quatro presos pela Polícia Civil de São Paulo por suspeita de aliciamento e estupro de meninas que conheciam na rede social Discord.

O que aconteceu:

Ao UOL, Duda Salabert explicou que os primeiros e-mails com ameaças foram recebidos em 2020, quando ela era vereadora por Belo Horizonte. Na ocasião, as mensagens não eram assinadas, mas continham emblemas associados ao nazismo.

Em 2022, quando concorreu ao Congresso, as ameaças se intensificaram e passaram a ser assinadas por uma pessoa identificada como "William Maza". Salabert destacou que os contatos com as novas ameaças "possuíam características em comum e mesmo estilo de texto" àqueles enviados dois anos antes, "o que sugere que a mesma pessoa mandou os e-mails em 2020 e em 2022, ou então as ameaças vieram da mesma célula neonazista que ele [Maza] possivelmente participava".

"Nos emails que ele me mandava, dizia que viria à Belo Horizonte me matar, matar negros e negras e mulheres próximas a mim, para que eu deixasse de ser a 'liderança dos travecos'".

Site com ameaças à filha

A parlamentar contou que chegaram a criar um site para "descrever formas como iriam me matar, e colocaram fotos da minha filha de 4 anos, descrevendo formas de como iriam estuprá-la na minha frente". "Após essas ameaças, tive que andar com colete à prova de balas, carro blindado e escolta armada", complementou, ressaltando que recebeu pelo menos 15 ameaças de morte.

Duda explicou que, no ano passado, recebeu uma mensagem anônima com dados pessoais de William Maza, como números de documentos, telefone e nomes de familiares. Ela ligou para ele com o intuito de cobrar explicações a respeito das ameaças. Segundo contou, o jovem teria "gaguejado" e proferido "falas desconexas". Por fim, ela alertou de que reportaria o caso à polícia, o que foi feito.

Uma semana após a ligação, um tio do William foi ao gabinete da deputada e se apresentou como advogado. Ele alegou que o sobrinho é "inocente" e pediu a Duda que desistisse do B.O., o que ela não acatou.

Crescimento de grupos nazistas está associado à extrema direita, diz a deputada. Ela destacou que os ataques de ódio aos grupos sociominoritários cresceram no Brasil nos últimos quatro anos em decorrência dos "discursos de ódio" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), "que funcionou como terreno fértil para que essas células neonazistas se proliferassem".

Grupo aliciava menores no Discord

A Polícia Civil de São Paulo prendeu quatro jovens suspeitos de uma série de crimes no ambiente virtual praticados no Discord. Vitor Hugo Souza Rocha, 21, Gabriel Barreto Vilares, 22, William Maza dos Santos, 20, e outro suspeito de 19 anos estão detidos.

Em abril, os investigadores também prenderam Izaquiel Tomé dos Santos, conhecido como Dexter nesse ambiente virtual. Até o momento, a polícia não encontrou ligação entre ele e o grupo de jovens acima.

Em depoimento, Izaquiel admitiu ter chantageado crianças e adolescentes para que elas se mutilassem. Até o momento, a Polícia Federal conseguiu identificar pelo menos 10 vítimas desses criminosos, que praticavam tortura virtual no Discord e, em alguns casos, estupro.

O chefe de segurança do Discord, Clint Smith, afirmou que a empresa trabalha para acabar com o discurso de ódio e conteúdo inapropriado no aplicativo. "O Discord não tolera comportamento odioso. Somos um produto gratuito para mais de 150 milhões de usuários ao redor do mundo. De tempos em tempos, conteúdo e comportamento ruim vão acontecer. Trabalhamos ativamente para remover esse conteúdo", diz nota ao Fantástico (TV Globo).