Lula relança Mais Médicos e diz que Nísia 'não é trocável' ao negar reforma
Do UOL, em São Paulo e em Brasília
14/07/2023 12h51Atualizada em 14/07/2023 19h06
O presidente Lula (PT) criticou hoje as especulações sobre trocas de ministros, com ênfase na pasta da Saúde, de Nísia Trindade, um dos alvos de pressão do centrão.
O que aconteceu
Lula assinou hoje o decreto que relança o Mais Médicos. A sanção institui a Estratégia Nacional de Formação de Especialistas para a Saúde no programa, que terá 15 mil novas vagas em 2023, com impacto em mais de 96 milhões de brasileiros, segundo o governo.
No evento, no Palácio do Planalto, o presidente ironizou as pressões sobre trocas nos ministérios e disse que "só falta eu mesmo me trocar". A Saúde é uma das mais cobiçadas pelo centrão.
Lula voltou a elogiar Nísia e disse que há ministros que "não são trocáveis". "Tem pessoas e tem funções que são da escolha pessoal do presidente. Eu já disse publicamente, a Nísia não é ministra do Brasil, ela é minha ministra", afirmou.
Na tarde de ontem (13), Lula oficializou a saída de Daniela Carneiro (União Brasil) do Ministério do Turismo, substituída por Celso Sabino (União). A troca foi feita a pedido do próprio partido, mas o presidente sofreu críticas por ser menos uma mulher no governo.
Estamos em um período de entressafra, o Congresso Nacional está em férias, e todo dia eu leio no jornal notícias sobre troca de ministros. Eu já troquei todo mundo, só falta eu mesmo me trocar. Só falta eu anunciar a minha saída e colocar alguém no meu lugar."
Lula, no relançamento do Mais Médicos
"Ela [Nísia] tem uma função a cumprir e ela sabe que a única perspectiva de sair é não cumprir a função correta dela. Ela sabe. Isso vale para mim, vale para todo mundo", completou o presidente.
Pressão do centrão por mais espaço
Embora o governo negue, a Saúde tem sido um dos principais pedidos do centrão em troca de mais apoio na Câmara. Em negociações que envolvem o presidente Arthur Lira (PP-AL), Lula tem conseguido segurar o comando da pasta.
Por outro lado, o governo tem negociado cargos no chamado "segundo escalão", incluindo estatais e fundações. A Funasa (Fundação Nacional da Saúde), por exemplo, está processo de recriação e deve ficar sob o comando do União Brasil — que também negocia a presidência dos Correios.
Já o PP de Lira deverá assumir a Caixa Econômica Federal. Oficialmente, o governo ainda descarta a possibilidade, mas aliados de Lula no Planalto e no Congresso dão o acerto como praticamente selado.
Como será o novo Mais Médicos
Serão 15 mil vagas só em 2023, com um total de 28 mil profissionais em atuação.
O primeiro edital já foi lançado em março, com quase 6 mil vagas abertas — mil delas para a Amazônia Legal. Destes, mais de 3 mil profissionais já em atuação nas cinco regiões.
O investimento total do governo será de aproximadamente R$ 800 milhões neste ano.