O que se sabe sobre a agressão a Alexandre de Moraes em aeroporto na Itália

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, foi hostilizado e seu filho agredido na sexta-feira (14) no aeroporto internacional de Roma, na Itália, segundo a PF (Polícia Federal). Os suspeitos negam agressões e ofensas — dois deles devem depor amanhã (18). Até o momento, não foram divulgadas imagens do episódio.

O que relatou Moraes

Moraes relatou a ocorrência em representação enviada à PF, segundo o site Congresso em Foco. O caso ocorreu por volta das 18h45 no horário de Roma (13h45 na hora de Brasília).

Os envolvidos são três pessoas de uma família de Santa Bárbara D'Oeste (SP): o casal Roberto Mantovani Filho e Andréa Mantovani e o genro Alex Zanatta.

Moraes disse que Andréa o chamou de "bandido, comunista e comprado", revelou a jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo.

Em seguida, Roberto Mantovani Filho agrediu o filho do ministro, informa a representação enviada à PF.

Andréia e Alex Zanatta (...) começaram a proferir ofensas. (?) Alertei que seriam fotografados para identificação posterior, tendo como resposta uma sucessão de palavras de baixo calão.

Chegando perto do meu filho, Alexandre Barci de Moraes, [Roberto Mantovani] o empurrou e deu um tapa em seus óculos. As pessoas presentes intervieram e a confusão foi cessada.
Ministro Alexandre de Moraes, do STF, em representação à PF

Na representação, Moraes disse ainda que o filho do casal Mantovani, Giovani Mantovani, tentou impedir as agressões, de acordo com o Congresso em Foco.

Após o episódio, os suspeitos embarcaram normalmente para o Brasil. Ao chegarem a Guarulhos, foram abordados pela PF, que abriu um inquérito para apurar o caso.

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O que dizem os suspeitos

Zanatta depôs no domingo (16) à PF. Disse que não fez "qualquer ofensa a qualquer ministro ou familiar" e que não presenciou a agressão ao filho de Moraes.

Já a defesa do casal Mantovani, em nota divulgada no domingo, disse que o insulto a Moraes não partiu deles, mas "provavelmente" de outro grupo presente no aeroporto.

Ainda na versão dos suspeitos, o episódio desencadeou um "desentendimento verbal" entre Andréa e duas pessoas que acompanhavam o ministro. A "discussão ficou acalorada" e "graves ofensas foram direcionadas a Andréa", diz a nota.

A seguir, Roberto Mantovani Filho, "que tem mais de 70 anos, precisou conter os ânimos do jovem", alegou a defesa. Procurado pelo UOL, o advogado do casal Mantovani disse que a investigação irá identificar se o jovem citado trata-se do filho de Moraes.

As ofensas atribuídas como se fossem de Andréa ao Ministro Alexandre de Moraes foram, provavelmente, proferidas por outra pessoa, não por ela. Que dessa confusão interpretativa nasceu desentendimento verbal entre ela e duas pessoas que acompanhavam o Ministro.

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Reiteram que em nenhum momento ocorreram ofensas, muito menos ameaças ao Min. Alexandre, que casualmente passou por eles nesse infeliz episódio. Mesmo assim, se desculpam pelo mal entendido havido, externando o veemente respeito que nutrem pelas autoridades públicas, extensivo aos seus familiares.
Nota da defesa de Roberto Mantovani Filho e Andréa Mantovani

Quem são os suspeitos?

Roberto Mantovani, 71, é dono de uma fazenda e de uma loja de materiais hidráulicos. Em 2004, concorreu à prefeitura de Santa Bárbara D'Oeste pelo PL, mas não se elegeu nem voltou a disputar outros cargos eletivos. Hoje, é filiado ao PSD.

Alex Zanatta, 27, é corretor de imóveis. Andréa, por sua vez, não teve sua profissão informada.

Zanatta prestou o depoimento na sede da PF em Piracicaba (SP). Já Andréa e Roberto não foram ouvidos neste domingo porque alegaram já ter viagem marcada. O depoimento foi marcado para terça-feira.

Suspeitos podem responder por injúria e agressão

O trio pode ser responsabilizado mesmo que o incidente tenha sido fora do país. Essa previsão está no Código Penal.

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A depender das investigações, os supeitos poderão responder por injúria, difamação e agressão. Segundo especialistas consultados pelo UOL, o caso configura crime contra a honra.

Episódio repercutiu entre autoridades

Vários ministros, parlamentares e outras autoridades prestaram solidariedade a Moraes. A maioria dos que se manifestaram são governistas, mas nomes como o senador Sergio Moro (União-PR) também repudiaram a agressão.

Alguns políticos responsabilizaram o bolsonarismo pelo incidente. O senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), por exemplo, chamou os suspeitos de "grupo de fascistas travestidos de pessoas de bem".

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