Diretor da Nasa faz alerta sobre Amazônia e propõe colaboração a Lula

O diretor da Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos), Bill Nelson, disse hoje em Brasília que o desmatamento da Amazônia é visto do espaço e que ofereceu ao presidente Lula (PT) a colaboração de mais satélites para ajudar no monitoramento da floresta.

O que aconteceu

Nelson disse que satélites norte-americanos conseguem identificar com precisão pontos de degradação, o que ajuda a prevenir ilegalidade e incêndios florestais. Após reunião no Palácio do Planalto nesta manhã, ele afirmou ter oferecido ao governo brasileiro um trabalho em conjunto para combater os queimadas.

O encontro marca uma mudança na relação entre os dois países para combater o desmatamento na região. Apoiador do ex-presidente Donald Trump, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não tinha boa relação com Joe Biden nem tratava do assunto internacionalmente. Senador democrata, Nelson foi indicado à Nasa por Biden.

Ex-astronauta, Nelson disse a Lula que já conseguia ver o desmatamento na Amazônia do espaço no anos 1980. Ele agradeceu a presidente o que chamou de esforço em prol do meio ambiente.

Nós já mandamos uma série de informações dos nossos satélites para os cientistas [brasileiros] para ajudar a localizar a destruição na floresta. Estamos enviando mais três novos satélites com habilidade extrema para identificar o que está acontecendo, para ajudar a parar a destruição."
Bill Nelson, diretor da Nasa

Segundo ele, os satélites da Nasa já têm tecnologia para "identificar doenças e pragas na floresta e isso ajuda a prevenir incêndios florestais".

A ministra Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), que participou da reunião, disse que essas propostas serão avaliadas. Ela ressaltou que a parceria espacial entre os dois países existe desde os anos 1980 e que o Brasil já tem dois sistemas de monitoramento da floresta.

Os dois deverão visitar o Inpe amanhã (25) em São Paulo. O objetivo é que ela mostre como funciona os dois principais mecanismos de controle que já operam no Brasil: o Deter (Coordenação-Geral de Observação da Terra), que faz mapeamento em tempo real, e o Prodes [Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite], anual.

A embaixadora norte-americana no Brasil, Elizabeth Bagley, disse que Lula em Biden deverão conversar "em breve" por telefone, mas não forneceu datas. O Itamaraty também não confirmou o encontro.

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Ele [Nelson] vai conhecer o que já fazemos no Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] e quer propor mais três outras parcerias de satélite que façam um monitoramento mais aprofundado. Por exemplo, através das copas das árvores. Nós queremos que eles observem nossa indústria brasileira na área especial. Nós temos empresas com capacidade de produção que podem oferecer à Nasa equipamentos."
Luciana Santos, ministra de Ciência e Tecnologia

Daquela altitude, orbitando a Terra a cada 90 minutos, eu podia ver a destruição da floresta por causa das diferenças de cores, olhando lá da janela da nave. Eu podia ver de oeste à foz e podia ver os resíduos, resultados da destruição das árvores, que iam por centenas de quilômetros para dentro do azul Oceano Atlântico."
Bill Nelson, diretor da Nasa, ao relatar a Lula que já era possível ver a degradação da Amazônia nos seis dias em que passou no espaço, em 1986

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